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domingo, 2 de agosto de 2015


Não sei se vou ou se fico?

Outro dia, em uma conversa à toa em um restaurante da cidade, observava ao longe um casal de amigos tecendo diálogo caloroso sobre a querela de sair ou não do Brasil para viver em países tidos como desenvolvidos (EUA, UE, Canadá, até Chile, mesmo passando por momentos ruins).

Ao término de meu almoço, fui chamado para ajuizar a situação, e que situação que fiquei! Entretanto, especialmente neste momento de diversas crises que nosso país passa, e com perspectivas negativas para um futuro próximo, os argumentos de um dos lados parecia se sobressair, e talvez minha tarefa mediadora não fosse se complicar tanto como presumira. Ledo engano, quando o debate sadio e lógico se pauta entre pessoas que sabem argumentar criticamente com fatos bem delineados, pois teoricamente fazem parte de uma pequena parcela da sociedade que conseguiu adquirir um pouco mais de cultura geral (ambos eram Doutores nas suas respectivas profissões, a saber, ele em Biomedicina, e ela em Neurociência), com vivência já consagrada em outros países (fizeram seus Doutorados no exterior, além de viagens a passeio ou a negócio), fica mito complexo opinar pendendo para um lado.

Vejamos que há argumentos sólidos para ambos os lados, fora os que se pautam na esfera emocional, familiar, afinal temos uma vida familiar fora da profissional, e dinheiro e sucesso também devem estar atrelados ao sucesso na vida pessoal e familiar.

Ante a lide soberba, com meus modestos prólogos, afinal não me enquadro, ainda, na paleta cultural deles, teci contra-argumentos para ambos os lados. Estamos versando sobre pessoas que são empresárias de médio a grande porte, e construíram exatamente seus patrimônios (intelectual e material) com a caminhada nas condições internas do país, que, mesmo árduas em alguns momentos, o propiciaram o crescimento.

Resumi a querela com dois pontos, um tomando a referência das pessoas, e possivelmente dos profissionais liberais, onde uma tentativa de vida em países desenvolvidos nas suas respectivas áreas pudesse render bons frutos (a eles e ao país desenvolvido que os acolhia). Estas circunstâncias de vislumbre próspero na vida profissional e qualidade de vida emocional para a família (reduzidíssima violência, estrutura maravilhosa, educação em alto nível para os filhos, saúde, transporte, etc.) pesam muito na hora da decisão, quem não queria unir o útil ao agradável?

Já o ponto pautado nos profissionais empresários, aí a figura talvez mude um pouco, pois mesmo com elevados tributos, excesso de burocracia e entraves diversos, falta de incentivos do governo, aliados à crise econômica, fiscal, política e social, não necessariamente, dependendo do ramo de negócio e da qualificação e preparo atrelada ao capital disponível para investir, representa uma ameaça. O ramo médico é crescente em nosso país, e profissionais de alto gabarito se destacam, pois quem não busca o melhor em se tratando de saúde? Lógico que me refiro ao nicho de mercado adequado, afinal o empreendimento deles já era voltado para as classes média-alta e alta. Confessaram-me que mesmo na crise cresceram muito, e devido ao povo brasileiro estar acostumado a pagar altos custos por produtos e/ou serviços que nem sempre são compatíveis com o investimento (carros, planos de saúde, serviços de telefonia, TV, internet, SUS, educação, etc.), viram que oferecendo serviços realmente justos e de alto nível, poderiam cobrar tranquilamente um custo compatível, que os clientes entenderiam que pagavam caro, mas obtinham em troca exatamente o que queriam em qualidade e quantidade, que por vezes até superavam as expectativas.

Nesta toada, recentemente abriram um setor para apoiar as classes inferiores. Não se tratava de medicina populista, mas uma forma de colaborar com o povo, pois os mesmos profissionais que atuavam de um lado A, vinham para o E, com os mesmos qualitativos de tratamento. A diferença residia entre os opostos no fato da quantidade e serviços VIPs, bem como de exames complexos não cobertos neste lado mais humilde. O sucesso foi inevitável!

Lógico que de quebra lucraram como nunca, pois o SUS não funciona em muitos casos, e os planos privados de grande porte estão inchados e quase iguais ao SUS.

Ao final do papo de restaurante, todos saíram satisfeitos, eu pela mediação sem comprometimento (???), eles por terem decidido ficar e tentar mais um pouco a vida em nosso país, mas mantendo os olhos abertos para as oportunidades externas.

 Julho de 2015.

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