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quinta-feira, 28 de março de 2013

Último degelo aumentou nível do mar em 20 metros em 500 anos.

Degelo durou 3 mil anos, mas teve um período de aumento abrupto.
Pesquisa ajuda a prever como mudança climática afetará gelos polares.

Da EFE

O último grande degelo do planeta não aconteceu de forma constante, mas houve um período de aumento abrupto do nível das águas. Em menos de 500 anos, ele subiu cerca de 20 metros, segundo estudo publicado na revista científica "Nature" nesta quarta-feira (28).
O degelo começou há 15 mil anos e acabou há 12 mil. O ponto mais ativo aconteceu entre 14,5 mil anos e 14,3 mil, quando o nível de água subiu entre 12 e 22 metros no Taiti, Pacífico, segundo as medições dos analistas.
Os cientistas basearam sua pesquisa em medições efetuadas em Taiti e concluíram que a maior parte de água veio do degelo da Antártica. Nesse último grande degelo, as geleiras derreteram quase totalmente e elevaram o nível dos mares cerca de 120 metros no mundo todo.
Este aumento dos mares não foi nem gradual nem uniforme, mas aconteceu de forma especialmente intensa em um período de 500 anos, segundo Pierre Deschamps, geólogo e pesquisador principal do Centro Europeu de Pesquisa e Ensino de Geociências do Meio Ambiente (Cerege, na sigla em francês).
Pesquisa
Durante esta etapa, o nível das águas no Taiti teria crescido entre 3,5 e 5 metros por século, segundo o estudo. Para obter estes dados, Deschamps e seus colegas estudaram os fósseis dos corais e de uma espécie de búzio que habitaram o litoral norte, sul e oeste do Taiti.
O aumento das águas coincidiu no tempo com a Oscilação de Boelling, uma época na qual o clima se moderou e as massas de gelo continentais liberaram grandes quantidades de água no mar. No entanto, a cronologia exata do degelo e a origem de suas águas seguem sem esclarecer tudo, já que o nível dos mares não ascendeu de forma uniforme e é necessário estudar os aumentos em distintas costas do planeta.
Segundo os analistas, conhecer melhor estes fenômenos permitiria compreender como a mudança climática atual afetará os gelos polares nos próximos anos. As estimativas para o século 21 são de um aumento inferior a dois metros por século.
Iceberg Antártida 1 (Foto: Alister Doyle / Reuters) 
Segundo estudo, maior parte da água do Taiti veio do degelo da Antártica (Foto: Alister Doyle / Reuters)
 
Fonte: http://g1.globo.com/natureza/noticia/2012/03/ultimo-degelo-aumentou-nivel-do-mar-em-20-metros-em-500-anos.html

'Frear' mudança do clima exige US$ 700 bilhões por ano, aponta relatório.

Documento foi preparado por grupo liderado por ex-presidente do México.
Se governos investirem, iniciativa privada seguirá passos, sugere estudo.

Da Reuters

O mundo precisa gastar US$ 700 bilhões adicionais por ano para controlar seu "vício" em combustíveis fósseis, apontado como maior causa da mudança climática atualmente em curso, segundo estudo divulgado nesta semana pelo Fórum Econômico Mundial (FEM).
Às vésperas do encontro com líderes de governos e da iniciativa privada, que deve ocorrer em Davos, na Suíça, as nações permanecem profundamente divididas a respeito de quem deve pagar a conta pela redução das emissões humanas de gases do efeito estufa.
As recessões em nações desenvolvidas desde a crise financeira global de 2008 levaram a uma redução nas emissões, mas também deixaram os governos com menos recursos para investir em tecnologias limpas.
A Aliança de Ação para o Crescimento Verde, que compilou o estudo para o FEM, disse que o gasto extra seria necessário para promover outras formas de geração energética (como a solar e eólica) e uma maior eficiência em setores como construção, indústria e transportes.
Esses US$ 700 bilhões se somam a US$ 5 trilhões a serem gastos por ano até 2020 em obras de infraestrutura sob o atual cenário. "Moldar uma economia global adequada ao século 21 é o nosso maior desafio", escreveu no relatório o ex-presidente mexicano Felipe Calderón, presidente da Aliança, um grupo público-privado vinculado ao FEM e criado no ano passado numa reunião do G20 no México.
Emissões na França (Foto: Joel Saget/AFP) 
Fumaça emitida por chaminé de fábrica
na França (Foto: Joel Saget/AFP)
Parceria público-privada
O estudo disse que um aumento anual de US$ 36 bilhões nos gastos públicos globais contra a mudança climática, passando de US$ 90 bilhões para US$ 126 bilhões, poderia desencadear um investimento privado ainda maior, num valor de até US$ 570 bilhões por ano. Mas os governos e a iniciativa privada nem sempre têm conseguido trabalhar conjuntamente na questão climática.
"Ainda há dinheiro do setor privado indo para a destruição climática", disse Jake Schmidt, diretor internacional de políticas climáticas do Conselho Nacional de Defesa dos Recursos, de Washington.
"Para lidar com a mudança climática, todos precisam avançar na direção certa. E a chave para tudo isso será como você libera grandes fontes de financiamento privado ... Os fundos de riquezas soberanas e os fundos de pensão têm muito capital. Mobilizá-los seria o Santo Graal."
Usinas eólicas instaladas no Rio Grande do Sul (Foto: Divulgação/ABEEólica) 
Usinas eólicas instaladas no Rio Grande do Sul (Foto: Divulgação/ABEEólica)
Energias renováveis em alta
O relatório encomendado pelo FEM apontou alguns sinais de otimismo. O investimento global em energias renováveis em 2011 bateu um novo recorde, chegando a US$ 257 bilhões, uma alta de 17% em relação ao ano anterior.
Mas as negociações climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), em dezembro, no Catar, terminaram com poucos avanços a respeito de um marco global para as reduções de emissões.
Em vez disso, os governos decidiram criar um novo tratado climático da ONU para entrar em vigor em 2020. Um estudo publicado neste mês pela revista "Nature" disse que seria bem mais barato agir agora para manter o aquecimento global dentro de um limite de 2º C definido pela ONU, em vez de esperar até 2020.

Fonte: http://g1.globo.com/natureza/noticia/2013/01/frear-mudanca-do-clima-exige-us-700-bilhoes-por-ano-aponta-relatorio.html

Material plástico no mar aumentará nos próximos 500 anos, diz cientista.

Esforços para reter lixo no oceano não são suficientes.
Partículas plásticas ameaçam a biodiversidade marinha.

Do Globo Natureza, com agências internacionais*

As grandes concentrações de lixo nos oceanos, chamadas também de “sopa de plástico”, devem aumentar de tamanho nos próximos 500 anos, apesar dos esforços para eliminar este poluente, de acordo com cientistas da Austrália, em entrevista à mídia local nesta terça-feira (22).

A formação dessa “crosta” nos oceanos é muito lenta, mas sua presença tem um impacto negativo de longo prazo, destacou o cientista Erik Van Sebelle, um dos autores da pesquisa feita pelo Conselho Australiano de Investigação. “Mesmo que deixemos de jogar lixo plástico nos oceanos, essas massas seguirão crescendo”, comentou.
Formadas pela ação das correntes superficiais marítimas, essas massas de plástico “crescem devido à acumulação de todo o plástico que já foi jogado e que não tenha sido acumulado nesses locais”, explicou o especialista.
Em 1997, o oceanógrafo Charles Moore descobriu a denominada “Grande Porção de Lixo do Pacífico”, uma zona de detritos que se extende entre a costa da Califórnia, nos Estados Unidos, rodeia o Havaí e chega até o Japão. Essas superfícies de lixo concentram grandes quantidades de plástico e outros resíduos trazidos pelas correntes oceânicas.
A Baía de Vitória amanheceu cheia de lixo nesta segunda-feira (12). Garrafas pet, bolas, saco plástico, vasilhames, mato e  até travesseiro estavam no mar. A Secretaria de Serviços de Vitória (Semse) disse que realiza a manutenção de limpeza regularmente  (Foto: Bruno Faustino / TVGazeta) 
Garrafas pet, bolas, saco plástico, vasilhames encontrados na Baía de Vitória, no Espírito Santo(Foto: Bruno Faustino / TVGazeta)
Risco ambiental
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), 13 mil partículas de lixo plástico são encontradas em cada quilômetro quadrado do mar, mas o problema é maior no Norte do Pacífico.
As partículas plásticas estão sendo aspiradas pelas criaturas do mar e pelas aves, e a mistura é rica em produtos químicos tóxicos. Pássaros e peixes morrem de inanição por confundirem as partículas plásticas com alimento. Estudos já comprovaram que até mesmo os plânctons, a base da cadeia alimentar, estão sendo impactados.
Se a densidade do microplástico continuar a crescer, o número de insetos aumentará também, alertaram os cientistas, "potencialmente às custas de presas como o zooplâncton e os ovos de peixes".

Fonte:http://g1.globo.com/natureza/noticia/2013/01/material-plastico-no-mar-aumentara-nos-proximos-500-anos-diz-cientista.html

Grávidas expostas à poluição têm bebês com menor peso, diz estudo.

Níveis de poluição comuns nas metrópoles já causaria problema, diz autora.
Crianças nascidas com menos de 2,5 kg têm maior risco de doenças.

Da AFP

As mulheres grávidas expostas a gases poluentes têm um risco mais elevado de dar à luz uma criança de baixo peso, segundo um amplo estudo internacional publicado nesta quarta-feira (6) nos Estados Unidos.
Os cientistas constataram que quanto mais alta for a taxa de poluição, mais elevada será a taxa de nascimento de crianças com peso insuficiente.
"São níveis de poluição do ar aos quais estamos todos expostos no mundo", afirma uma das autoras do relatório, Tracey Woodruff, professora de ginecologia e de ciência da reprodução na Universidade da Califórnia, em São Francisco, nos Estados Unidos.
Um baixo peso no nascimento (menos de 2,5 kg) está vinculado a maiores riscos de doenças e mortalidade pré-natal, assim como a futuros problemas crônicos de saúde, destaca Payam Dadvand do Centro de Pesquisa em Epidemiologia Mental (Creal) em Barcelona, na Espanha, outro dos co-autores.
Chinesa caminha nesta terça-feira (29) com máscara para proteger da poluição em Pequim, na China (Foto: China Daily/Reuters) 
Mulher usa máscara para proteger da poluição em Pequim, na China (Foto: China Daily/Reuters)
Woodruff destacou que os países que têm normas mais rígidas para limitar a poluição dos carros e das fábricas a carvão registram níveis menores destes poluentes.
"Nos Estados Unidos, demonstramos durante vários anos que os bons resultados para a saúde e o bem-estar público da redução da contaminação do ar são maiores que os custos", disse.
A pesquisa foi baseada em três milhões de nascimentos em 14 cidades de América do Norte, África do Sul, Europa, Ásia e Austrália, no período das décadas de 1990 e 2000.
As partículas poluentes que se encontram no ar são medidas em microgramas por metro cúbico de ar. Nos Estados Unidos, as normas federais limitam a concentração média anual a 12 microgramas/m3. Já na União Europeia, o limite é de 25 microgramas/m3. Recentemente, foram medidos mais de 700 microgramas/m3 na China.
"Estes níveis são insustentáveis para a saúde pública mundial", destaca Mark Nieuwenhuijsen, do Creal, outro responsável pelo estudo. Os resultados da pesquisa foram publicados pela revista médica "Environmental Health Perspectives".

Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/02/gravidas-expostas-poluicao-tem-bebes-com-menor-peso-diz-estudo.html

Desmatamento da Amazônia sobe 26% nos últimos 7 meses, diz Inpe.

De agosto de 2012 a fevereiro de 2013, foram devastados 1.695 km².
Ibama apreendeu 216 motosserras e 32 armas na Amazônia Legal.

Do G1, em Brasília

Desmatamento em Porto Velho, Rondônia (Foto: Divulgação/Greenpeace/Marizilda Cruppe/EVE) 
Área desmatada na região da Amazônia em Rondônia (Foto: Divulgação/Greenpeace/Marizilda Cruppe/EVE)
Os alertas de desmatamento na Amazônia Legal subiram 26% nos últimos sete meses, no intervalo entre 1º de agosto de 2012 e 28 fevereiro de 2013, em comparação com o mesmo período anterior, de 1º de agosto de 2011 a 28 de fevereiro de 2012, segundo informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgadas nesta quinta-feira (28).
Os dados, que incluem a degradação (desmatamento parcial) e o corte raso (desmatamento total) da floresta, foram registrados pelo sistema de detecção de desmatamento em tempo real do Inpe, o Deter, que usa imagens de satélite para analisar a perda da mata em nove estados.
No total, 1.695 km² da floresta foram destruídos ou degradados nos últmos sete meses, área pouco maior do que o tamanho da cidade de São Paulo, de 1.521 km², de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Já entre 2011 e 2012, foram perdidos 1.339 km² de mata, no mesmo intervalo de tempo.
Quatro meses
Só nos últimos quatro meses, de novembro de 2012 a fevereiro de 2013, houve alertas de desmatamento em 615 km² da floresta amazônica, segundo o Inpe. O número é 15% maior do que o registrado anteriormente: 536 km² desmatados, entre novembro de 2011 e fevereiro de 2012.
A cobertura de nuvens na região amazônica prejudica a análise do Deter, afirma o Inpe. Em novembro de 2012, 34% da floresta estava coberta por nuvens; já em dezembro, a cobertura foi de 54%. Em janeiro, 67% da Amazônia estava coberta por nuvens, enquanto em fevereiro o índice foi de 64%.
Desmate de agosto de 2012 a fevereiro de 2013 na Amazônia
Estado Área desmatada
Mato Grosso 734 km²
Pará 428 km²
Rondônia 270 km²
Amazonas 151 km²
Roraima 50 km²
Maranhão 46 km²
Tocantins 12 km²
Acre 4 km²
Amapá 0,34 km²
Por estado
Os dados do Inpe apontam que o estado com o maior registro de alertas de desmatamento nos últimos sete meses foi o Mato Grosso (734 km²), seguido do Pará (428 km²), Rondônia (270 km²), Amazonas (151 km²) e Roraima (50 km²).
Os primeiros três estados também foram os "líderes" em destruição da floresta: Mato Grosso (604 km²), Pará (300 km²) e Rondônia (232 km²) tiveram mais desmatamento entre agosto de 2011 e fevereiro de 2012, segundo o Inpe.
Proporcionalmente, o aumento do desmate foi grande no Maranhão (crescimento de 121%) e no Tocantins (81%), aponta o Inpe.
Fiscalização
Segundo o diretor de proteção ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Luciano de Meneses, o órgão teve que encontrar novos métodos de fiscalização após constatar o aumento no número de alertas de desmate.
"Entramos com a Operação Onda Verde, ocupamos as seis áreas críticas que respondem hoje por 54% de todo o desmatamento da Amazônia. Colocamos bases móveis com autonomia. Essas bases tem agentes do Ibama, agentes da Força Nacional de Segurança, agentes da Polícia Rodoviária Federal", afirmou o diretor.
Imagem de 2010 mostra lote de madeira ilegal confiscado em Belém, no Pará (Foto: Divulgação/Paulo Santos) 
Lote de madeira ilegal confiscado em Belém, no
Pará (Foto: Divulgação/Paulo Santos)
Fiscais do Ibama na Operação Onda Verde apreenderam mais de 65 mil m³ de madeira em toras que circulavam de forma clandestina pela floresta, entre 1º de agosto de 2012 e 25 de março de 2013. Desse total, quase 38 mil m³ de madeira foi encontrada no estado do Pará, e 15,7 mil m³, em Mato Grosso.
Além de madeira, o Ibama confiscou 110 tratores, 60 caminhões, 216 motosserras e 32 armas de fogo na Amazônia Legal. A maior apreensão de motosserras ocorreu também no estado do Pará (137), seguido do Mato Grosso (39) e de Roraima (19).
No total, o órgão aplicou 3.180 autos de infração entre agosto de 2012 e março de 2013, cujo valor de multas, somadas, ultrapassa R$ 1,4 bilhão.
"Mato Grosso e Pará sempre foram os 'campeões' do desmatamento", disse o diretor do Ibama. "Esses alertas, a gente entende que eles possam estar sendo impulsionados pelo boom das commodities agrícolas, pelo aumento [do preço] do ouro e pelo aumento do preço da terra."
Análise em campo
Técnicos do Ibama foram a campo para analisar os dados de desmatamento, e checaram 1.053 polígonos com suspeita de devastação, de um total de 2.072 informados pelo Deter.
Em 46% dos polígonos analisados, o Ibama constatou que houve corte raso, isto é, a remoção total da mata. Em outros 47%, os técnicos encontraram degradação parcial da floresta. No restante, 7% dos polígonos, o Ibama afirma ter identificado um "falso positivo", áreas como espelho d'água ou afloramento rochoso que não correspondem à degradação.
 (Foto: Arte/G1)
Balanço anual
O último balanço anual de desmatamento divulgado pelo Inpe apontou que 4.656 km² da Amazônia haviam sido perdidos entre agosto de 2011 e julho de 2012. A área, calculada pelo sistema Prodes, equivale a mais de três vezes o tamanho da cidade de São Paulo.
O Prodes consolida dados coletados ao longo de um ano por satélites, capazes de detectar regiões desmatadas a partir de 6,25 hectares, e não pode ter suas informações comparadas com o sistema Deter. São computadas apenas áreas onde ocorreu remoção completa da cobertura florestal – característica denominada corte raso.

domingo, 10 de março de 2013

Entenda como funcionará o chip de identificação do veículo.

Sistema deve começar a ser implantado em julho e, se bem utilizado, pode ajudar a melhorar o trânsito no país; tag se paga pelo dono do carro, custará ao menos R$ 20.


Depois de anos de discussão e muita polêmica, o SINIAV (Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos), criado pelo governo federal para identificar eletronicamente automóveis, caminhões e motos, começará a ser implantado em julho no país. O trabalho caberá aos Detrans de cada estado que terão dois anos para instalar a etiqueta eletrônica na frota nacional, estimada hoje em 70 milhões de unidades.
O objetivo é facilitar a fiscalização nas vias e possibilitar a implantação de vários serviços além de organizar o trânsito nas grandes cidades, mas o tema assusta a sociedade que teme ter sua privacidade invadida. Governo não diz ainda, mas custo do equipamento, se repassado ao consumidor, pode passar de R$ 20.
“Muita gente confunde o SINIAV com o SINRAV que previa a instalação de rastreadores GPS nos carros”, explica Dario Sassi Thober, fundador do Instituto Wernher Von Braun, que desenvolveu a tecnologia dos chips que serão usados nos veículos. “A tag eletrônica está longe disso, ela apenas guarda uma chave criptografada que é alterada a cada passagem pelos pórticos (pontos onde estão os sensores)”, completa.
Divulgação
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Novo sistema lê as informações do veículo por meio de antenas que funcionam até mesmo em velocidades
elevadas.
Thober também lembrou que o sistema é o mesmo utilizado em outros países e possui certificação mundial contra fraudes. Só pode ser lido pelas antenas oficiais, ou seja, não basta captar sua freqüência de funcionamento para acessar os dados. Por falar nisso, ao contrário da impressão geral, o chip (ou tag, como prefere chamar o criador) não carrega nenhuma informação pessoal ou do veículo. O cruzamento de informações se dá no ambiente dos órgãos oficiais: “é como a placa do carro, mas mais segura já que não fica exposta a qualquer pessoa”, lembra o físico.
Eis uma das vantagens do sistema, a leitura mais ágil e barata que a da rede de radares e leitores de placas que existem atualmente no Brasil, “além de ser mais segura já que não há como burlar o sistema”, diz.
Como funciona
Instalada no para-brisa do veículo, a tag eletrônica é menor que o equipamento usado pelo serviço Sem Parar, por exemplo. “Lembra aquelas asinhas dos pilotos de aviação”, compara Thober. Aliás, da aviação vem todo o conceito. Trata-se de um transponder, um mecanismo que equipa os aviões para ajudar a rede de radares a identificar informações do tráfego aéreo.
Veja Mais: Pedágio por distância percorrida é medida a longo prazo em SP
As estradas e avenidas passarão a ter pórticos com antenas instalados em pontos estratégicos como trevos e junções de pistas. Ao passar por eles, a antena capta as informações que são armazenadas num banco de dados e usadas por diversos órgãos.
As aplicações são diversas: o governo do Estado de São Paulo, por exemplo, usará a tag a partir de abril no sistema Ponto a Ponto de cobrança de pedágio. Com ele, pretende-se cobrar dos motoristas pela modalidade de quilômetro rodado. Outra vantagem é que a tag pode ser lida em velocidades elevadas, o que evitará congestionamentos em praças de pedágio convencionais.
Se usada em grandes centros urbanos, a tag pode mapear o tráfego nas principais vias e ajudar órgãos como a CET a determinar estratégias para redirecionar veículos para outros caminhos. Os dados também poderão ser acessados diretamente pelos motoristas por meio de GPS ou smartphones, como já fazem hoje alguns serviços, porém, em tempo real.
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O chip está instalado numa pequena tag adesiva com o formato de uma asa. Equipamento possui sistema
anti-fraude.
Fiscalização maior
Claro que o temor de ser vigiado o tempo todo existe e, de fato, poderá acontecer. Carros com multas ou impostos atrasados serão identificados com mais facilidade e poderiam na teoria ser localizados em uma barreira policial.
O sistema de chip também pode em tese identificar um veículo acima da velocidade máxima num trecho mais extenso. Em vez medir a velocidade apenas no instante em que automóvel passa pelo sensor, como acontece hoje, no novo sistema é possível cronometrar o tempo que ele levaria entre um pórtico e outro e, caso ele fosse menor que o do limite de velocidade, estaria configurada a infração. Ou seja, não bastaria apenas desacelerar ao ver um radar.
Caso alguém resolva retirar o chip, há um recurso de segurança que invalida o aparelho. Carros que não possuírem a etiqueta receberão multa grave e perda de 5 pontos na carteira. O governo também estuda manter as informações levantadas pelos sensores por alguns dias a fim de ajudar a polícia na localização de carros usados em seqüestros ou fugas.
Nova realidade
A situação para os motoristas começará a mudar em abril quando as concessionárias de estradas paulistas passarão a instalar os pórticos, segundo determinação do governo estadual. Ao mesmo tempo, empresas como o Sem Parar e outras a serem habilitadas, substituirão os atuais equipamentos pela nova tag.
Se o governo conseguir avançar com a proposta do SINIAV, em 2014 todos os veículos que circulam no país passarão a ter a “placa eletrônica”. A princípio, o preço do item será pequeno: “o custo de produção da tag é baixo, varia entre US$ 6 a US$ 12”, diz Thober. E o valor deve cair mais com a produção em massa e a adoção de placas de silício que simplificariam ainda mais o processo.
Dario enxerga na tecnologia outras aplicações além dos carros: “a utilidade da etiqueta é enorme: podemos acompanhar o movimento de mercadorias em trânsito para evitar roubos e reduzir a burocracia, como é previsto em outro projeto, o Brasil ID”, prevê.
Espera-se que além da tecnologia exista bom senso no poder público em preservar as informações do cidadão.

Fonte: http://carros.ig.com.br/especiais/entenda+como+funcionara+o+chip+de+identificacao+do+veiculo/4448.html

sexta-feira, 8 de março de 2013

A melhor (e a pior) forma de tratar a dor.
Sim, ela rouba horas de sono, prejudica relações afetivas e mina o desempenho profissional. Mas é possível retomar o controle da própria vida aprendendo a gerenciá-la.

Por Leonardo Valle Fotos Danilo Tanaka


 
A dor não é uma ilustre desconhecida para a maioria das pessoas. Apesar da falta de dados estatísticos no Brasil, um estudo do John Hopkins Medical School, nos Estados Unidos, apontou que 31% das pessoas do país conviviam com algum tipo de dor. Se a proporção por aqui for semelhante, teríamos uma legião de 59 milhões de pessoas com o problema.
"A dor é prevalente em mulheres de meia-idade, contudo, em alguns estudos sobre o tema, essa proporção é igual à de homens. A prevalência da dor crônica também aumenta com o aumento da idade: entre 45 e 65 anos nas mulheres e 65 a 69 anos nos homens", aponta Durval Campos Kraychete, anestesiologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED).
Há também indícios de que sexo feminino apresenta uma maior sensibilidade à dor. As razões, entretanto, são inconclusivas. "Ainda Não sabemos ao certo se estas diferenças realmente existem e, se existem, qual fator é predominante: diferenças na geração da resposta dolorosa (fator do tipo biológico) ou no enfrentamento da dor (fator do tipo psicológico e social)", completa a especialistaMonica Levy Andersen, biomédica da SBED.
Dor aguda X dor crônica
É considerada aguda a dor que dura aproximadamente três meses. "Geralmente, ela se relaciona à inflamação dos tecidos e cessa com a cicatrização dos mesmos. É o que acontece em traumatismos ou cirurgias", diz José Tadeu Tesseroli de Siqueira, cirurgião- dentista e presidente da SBED.
Entretanto, ao persistir após a cicatrização, a dor perde sua função de "alerta" e torna- se uma doença. "Entre os fatores de risco para cronificação da dor estão a dor pré, trans ou pós-operatória não controlada, histórico de dor crônica e genética. Portanto, os dois primeiros fatores podem ser perfeitamente controláveis se a queixa do paciente for considerada", complementa.
A dor crônica produz uma série de modificações neurofisiológicas e funcionais, alterando o sono, o apetite, as relações sociais e a qualidade de vida. "Isso torna o tratamento o difícil para um único especialista, motivo pelo qual deve ser tratada por uma equipe multidisciplinar. Dessa forma, é possível formular planos diagnósticos e terapêuticos individualizados", defende Irimar de Paula Posso, anestesiologista da SBED.
Sequelas de dores
Muitos progressos médicos foram realizados no combate à dor nos últimos anos, impulsionados principalmente pelo aumento da expectativa de vida da população. Se um adulto brasileiro vivia em média 38,5 anos em 1940, hoje a média é de 73,5 anos. Some a isso o aumento da sobrevivência nos tratamentos contra o câncer, em acidentes automobilísticos e até em guerras. Em todas essas situações, há um maior indício de sequelas de dores crônicas entre os sobreviventes. A seguir, trazemos um plano de gerenciamento da dor para as cinco áreas que os leitores da VivaSaúde declaram ser as mais comuns: costas, cabeça, ombro, joelho e quadris. Muitas das nossas sugestões podem ser utilizadas tanto em dores crônicas quanto em agudas, além de serem aplicáveis em mais de uma região do corpo. Confira!

CAMINHE COM A SBED
Para conscientizar a população de que é possível viver sem dor com tratamentos adequados, a SBED promove todas as quintas-feiras e sábados uma caminhada no Parque Ibirapuera, em São Paulo. www.pareador.com.br


DOR NAS COSTAS

Dor aguda:
O tipo mais comum é a lombalgia aguda - aquela pontada que aparece no final das costas. Sua origem geralmente é músculo- -esquelética, desencadeada por tensão e má-postura. Nesse caso, o tratamento envolve anti-inflamatórios, RPG e repouso para que a vilã vá embora em alguns dias. Há ainda dores provocadas por desvio na coluna (como cifose e lordose) e pelo deslocamento nos discos de cartilagem que separam as vértebras (hérnia de disco), cujo tratamento pode envolver cirurgia.
Dor crônica:
Se não administrada a tempo, a dor aguda pode cronificar. Isso significa que os sinais de dor se tornam independentes no Sistema Nervoso Central, gerando uma espécie de memória. Por exemplo, alguns pacientes submetidos a cirurgia na coluna podem apresentar dor crônica após o período de recuperação. Ela pode ainda ser causada pela degeneração das articulações por desgaste (artrose) ou de origem autoimune (artrite reumatoide), fibromialgia (síndrome autoimune caracterizada por dores difusas), ser sequela de câncer ou não ter causa específica.
Tratamentos
"O tratamento da dor crônica envolve a combinação de fármacos, como opoides, analgésicos anti-inflamatórios e antidepressivos", explica Cláudio Correa, coordenador do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital Nove de Julho. Apesar de causar estranheza, os antidepressivos são uma poderosa arma contra a dor, uma vez que melhoram a qualidade do sono e a disposição dos pacientes. "Na fibromialgia, por exemplo, anti-inflamatórios não são eficientes, já que não há inflamação", destaca Eduardo Paiva, reumatologista da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Gerenciando a dor em casa
EXERCITE-SE: ALONGAMENTO PARAVERTEBRAL DORSAL
"Deitado de barriga para cima, dobre as duas pernas e abrace os joelhos contra o peito. Permaneça nesta posição por 20 segundos, repetindo três vezes ao longo do dia", indica Luis Carlos Onoda Tomikawa, fisiatra do Centro de Dor do Hospital Nove de Julho (SP).
TÉCNICAS DE RESPIRAÇÃO
Respirar profundamente pelo nariz e espirar pela boca oferta oxigênio para os tecidos, diminui a ansiedade e pode ajudar a amenizar o impacto da dor. "Oxigênio é necessário na maioria das reações químicas corporais", diz o anestesiologista Durval Campos.
COMA MAIS BANANA
A serotonina é um neurotransmissor vinculado à sensação de bem-estar. "Quando ele se encontra baixo, há um aumento da sensibilidade à dor. Ele também é fundamental para saúde do sono, o que ajuda no tratamento", destaca Mariana Froes, nutricionista do Centro Multidisplinar da Dor (RJ). Alimentos como banana, amêndoas e nozes possuem triptofano, aminoácido precursor da serotonina. Um estudo filipino, aliás, mostrou que a banana consegue equilibrar as taxas desse neutrotransmissor. "Há uma queda da serotonina no final da tarde, momento em que esses alimentos são importantes", acrescenta. A dica, claro, vale para dores em qualquer região.
No consultório
TÉCNICA DE ALEXANDER
Em um estudo das universidades de Bristol e Southampton, publicado na revista científica British Medical Journal, 463 pacientes que sofriam de dores crônicas nas costas foram submetidos a diversos tratamentos. Ao final, aqueles que haviam passado por sessões da Técnica de Alexander - aulas posturais que melhoram a relação entre a cabeça e a coluna - apresentaram redução nas crises. "Geralmente se faz de uma a duas aulas por semana, com duração de 45 minutos cada", orienta Ana Thomaz, professora formada pelo Alexander Technique Studio em Londres.
QUIROPRAXIA
O quiropraxista manipula vértebras e articulações com as mãos para prevenir e tratar alterações na coluna. "A quiropraxia devolve a mobilidade da articulação, diminui a pressão sobre ela e automaticamente a dor, a inflamação e a tensão dos músculos adjacentes", ensina Ana Paula Facchinato, coordenadora do curso da Universidade Anhembi Morumbi (SP). São necessárias de uma a duas sessões por semana até a melhora dos sintomas. Dependendo da evolução do quadro, as consultas ficam mais espaçadas, podendo ser a cada três meses.
HIDRODISCECTOMIA
Procedimento é minimamente invasivo, realizado sem anestesia e que não provoca lesões. Visa evitar que a dor provocada pela hérnia de disco vire crônica. "Um jato de soro fisiológico sob pressão permite aspirar um disco degenerado e limpá-lo de substâncias nociceptivas, uma das razões da dor", resume Eduardo Barreto, presidente da Sociedade de Neurocirurgia do Rio de Janeiro (SNC-RJ). [Vale para dor aguda]

O QUE NÃO FAZER
- Evite dobrar a coluna ao pegar algum objeto no chão. O correto é flexionar apenas os joelhos. Permanecer horas initerruptas sentado à frente do computador está vetado. "Isso alonga em excesso os tecidos posteriores, empurrando o disco intervertebral para trás", argumenta Eduardo Barreto, presidente da Sociedade de Neurocirurgia do Rio de Janeiro (RJ).
- "Uma dieta rica em fritura, carboidratos refinados, doces e alimentos processados pode aumentar a inflamação do organismo, podendo piorar o quadro de uma pessoa que já tem dor", lembra Mariana.
- Evite saltos acima de 5 cm. Eles promovem o encurtamento do músculo posterior da perna e acentuam a lordose.
- Evite carregar peso equivalente a 10% do corpo.

 DOR DE CABEÇA


Dor aguda:
Se a dor de cabeça é difusa, leve e dá as caras esporadicamente, não é preciso grandes preocupações. Em linhas gerais, esses sintomas são provocados por tensão, má postura ou sono irregular. A melhor forma de tratar o problema é com repouso, bolsa de gelo e analgésicos comuns, desde que não usados frequentemente. Seu uso abusivo provoca dependência do organismo e pode levar a um quadro de dor crônica. Além disso, é preciso mudar os hábitos de vida para que a dor não volte. Já quando a dor de cabeça é intensa e aparece de repente, é necessário correr para o médico. "A cefaleia súbita - ou a pior dor de cabeça da vida do paciente - é sinal de alerta para patologias neurológicas graves, como acidente vascular cerebral hemorrágico. Nesses casos, deve-se procurar um serviço de emergência o mais rápido possível", adverte Marcelo Queiroz, chefe da equipe do Ambulatório de Dor do Hospital São Camilo (SP).
Dor crônica:
Mas há também as dores crônicas, que são aquelas recorrentes. A própria cefaleia tensional é considerada crônica quando aparece pelo menos 15 dias no mês. Já a enxaqueca é uma dor latejante que vem acompanhada de enjoos e intolerância a ruídos e luz. A cefaleia menstrual é provocada pela queda do hormônio estrógeno durante a menstruação. Completam o quadro a cefaleia em salvas - dor na região ocular desencadeada por café, cigarro ou alimentos estimulantes - e a cefaleia da coluna, provocada por tensão cervical ou hérnia de disco.
Tratamentos
Na dor crônica, o primeiro passo é abandonar o uso de analgésicos para que o cérebro possa se recuperar. "Medicações preventivas devem ser usadas diariamente. Elas não eliminam completamente a cefaleia, mas reduz as dores e a intensidade das crises, tornando-as controláveis", diferencia Marcelo Queiroz. Para o alívio das crises podem ser prescritos anti-inflamatórios e medicamentos da classe dos triptanos.
Gerenciando o problema em casa
DURMA BEM
Relaxar ajuda a controlar a dor, sendo assim, evite pensamentos excessivos ou preocupações nos momentos antes de dormir.
NÃO SE COBRE
"É comum pacientes com enxaqueca terem este padrão", confessa o médico. Aprender a lidar com as sobrecargas do dia a dia, tanto externas quanto internas, reduz essa autocobrança.
CAMINHE
Uma pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) mostrou que sedentários têm 43% mais chances de ter enxaqueca. "O ideal são exercícios físicos regulares, aeróbicos, com alongamentos e sem sobrecarregar a musculatura do pescoço", sugere Marcelo Queiroz. Caminhada e hidroterapia são boas pedidas. "A frequência semanal deve ser no mínimo três vezes, com intervalos de 48 horas", orienta Patrick Stump, fisiatra da SBED.
COMA MAIS AVEIA
O magnésio pode ser benéfico porque participa da síntese da serotonina e funciona como relaxante muscular. A recomendação diária do nutriente é de aproximadamente 300 mg por dia. Os alimentos campeões em magnésio são a aveia (200 mg para cada 100 g), a amêndoa (270 mg para cada 100g) e a semente de girassol (360 mg para 100 g).
No consultório
BOTOX
A aplicação de toxina se mostrou eficaz na prevenção de dores de cabeça em quem sofre de enxaqueca crônica. "Ela diminui a sensibilização periférica craniana, que reduz a sensibilização central (cerebral) e, assim, a dor", descreve Leandro Calia, neurologista e professor da Universidade Santo Amaro (Unisa). Entretanto, são necessárias aplicações periódicas. "Normalmente, o efeito começa a declinar entre três e quatro meses", completa Ailton Melo, neurologista da Universidade Federal da Bahia (UFBA). [Vale para dor crônica]
MINDFULNESS
É uma técnica de meditação budista que foi aperfeiçoada pela psicologia e visa aumentar a atenção. Uma recente revisão da literatura realizada pela pesquisadora Keren Reiner, da Ben Gurion University of the Negev, em Israel, apontou que a mindfulness ajuda a controlar a dor. "Embora possa haver mecanismos psicológicos envolvidos, tais como a redução da ansiedade, há também alterações fisiológicas. Nossa hipótese é que a prática leva a mudanças físicas que reduzem a sensa ção de dor", explica Keren. Entretanto, a técnica é menos eficiente em idosos.
"Possivelmente devido a doenças psíquicas ou uma redução na capacidade para cumprir com as intervenções", exemplifica Jonathan Greenberg, da mesma universidade. A mindfulness pode ser utilizada em dores que afetam diversos membros do corpo.

O QUE NÃO FAZER
-
Certos alimentos estão associados às crises de cefaleia, como café, chocolate, frutas cítricas, nozes, alimentos muito gelados, gordurosos, condimentados ou ricos em glutamato monossódico. Essa substância se encontra em salgadinhos, molhos prontos e adoçantes.
- Evite expor-se ao sol.
- Fique longe de perfumes com aromas fortes ou ambientes recém pintados.
- Evite bebidas alcoólicas.


DOR NO OMBRO

Dor aguda:
"A dor aguda ocorre geralmente após uma lesão, como uma queda. O paciente pode lembrar o momento exato do início e ela dura algumas semanas. Já a dor crônica tem um início atraumático e piora progressivamente", sintetiza Fabio Ravaglia, ortopedista e presidente da ONG Instituto Ortopedia & Saúde (SP).
Dor crônica:
É mais comum do que a dor a dor aguda. Problemas no manguito rotador - conjunto de músculos e tendões que estabilizam o ombro - são as principais causas. A patologia pode ser fruto de inflamação, bursite, tendinite, invasão do nervo supraescapular, entre outros. "A pessoa com essa lesão sente dor quando o braço é levantado ou estendido para a lateral do corpo. Movimentos como aqueles que fazemos para vestir uma blusa ou camiseta também podem ser dolorosos", completa Fábio.
Há ainda o ombro congelado, apelido para a capsulite adesiva. Como o próprio nome indica, o movimento do ombro se torna restrito. "É causada frequentemente por uma lesão. Devido à dor, a pessoa fica impedida de fazer uso do ombro. Mas a progressão de doenças reumáticas, diabetes e cirurgia no ombro também podem causar ombro congelado", lista o médico. Completam a lista a artrose a artrite reumatoide. "Elas provocam tanto a dor quanto o inchaço na articulação", diferencia.
Tratamentos
Além do uso de anti-inflamatórios e analgésicos, é indicado recorrer à fórmula RICE para dores agudas. A sigla em inglês significa descanso, imobilização, gelo e elevação (tipoia). "Para as dores crônicas recomenda-se medicação analgésica e anti-inflamatória, antiartrítica, fisioterapia, acupuntura e em alguns casos mais avançados, a cirurgia", informa.
Gerenciando a dor em casa
EXERCITE-SE
Um exercício simples para fortalecer a musculatura do ombro pode ser feito com uma toalha, ao sair do banho. "Segure as pontas da toalha, uma em cada mão, para esticá-la. Passe a toalha nas costas, variando as posições dos braços até enxugar todas as partes das costas", ensina Fábio. [Vale para dor crônica]
DE OLHO NA POSTURA
A postura influencia pouco nas causas de dores no ombro, mas mesmo assim merecem atenção. "Entre elas, estão os movimentos repetitivos nas tarefas do trabalho ou na prática esportiva. Sustentar um peso no alto pelo braço pode levar a problema no manguito rotador", exemplifica o médico. Evite, ainda, carregar bolsas pesadas diariamente.
COMA MAIS PEIXES
A ingestão de ômega 3 proporciona melhoras no caso da artrite reumatoide. Preconiza-se a ingestão de aproximadamente 11 gramas do nutriente por semana. Isso equivaleria a 1 porção de sardinha a cada dois dia, combinada a 1 colher (sopa) rasa de linhaça diária e um punhado (20 g) de nozes por semana.


No consultório
CRIOTERAPIA
Estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) com pacientes idosos que conviviam com dor no ombro apontam a eficiência da crioterapia nas sessões de fisioterapia. A técnica consiste no resfriamento do ombro com gelo ou géis. O procedimento foi combinado com sessões de estimulação elétrica e alongamentos diversos. "O gelo alivia a dor da inflamação e influencia na vasoldilatação", esclarece Marco Antonio Ambrosio, ortopedista do Hospital Samaritano, de São Paulo (SP).
REFORÇO MUSCULAR
Há vários exercícios que podem ser feitos com pesos, elásticos e bastões ou em barra. Mas o uso de equipamentos precisa ser acompanhado por um fisioterapeuta.

O QUE NÃO FAZER
- Não controlar a glicemia: aproximadamente metade dos casos de ombro congelado (capsulite adesiva) ocorre em pacientes diabéticos.
- Evite fazer atividades com o braço levantado, como trocar cortinas ou lâmpadas.
- O mesmo vale para esportes como tênis, basquete e vôlei.
- Na hora de dormir, repousar a cabeça sobre os braços dobrados comprime tendões musculares e pode levar à dor.


DOR NOS JOELHOS

Dor aguda:
O joelho é uma região do corpo bastante vulnerável às dores. Entre os problemas mais comuns na região estão a inflamação da bursa - bolsa de líquidos que facilita o atrito entre tendões e ossos - ou dos próprios tendões. Ambas podem cronificar. Outra dorzinha chata ocorre quando músculos e ligamentos que sustentam a patela do joelho sofrem alguma alteração, provocando problemas na cartilagem, que também pode vir a ser recorrente. "Há ainda esportes que podem provocar lesões nos meniscos e ligamentos. Estas lesões são mais incapacitantes e normalmente exigem tratamento cirúrgico", acrescenta.
Dor crônica:
A artrite reumatoide a a artrose também podem atingir os joelho. Há ainda a artrose secundária, que acontece após alguma lesão que alterou a função normal do joelho.
Tratamentos
A dor crônica pode exigir opiodes e analgésicos e antidepressivos. Se houver inflamação, o tratamento inclui medicação anti-inflamatória, gelo ou calor local, fisioterapia e suspensão temporária de exercícios físicos", comenta Daniel Barros Pereira, ortopedista da Orthomed Center, de Uberlândia (MG). Nem todos os problemas no joelho podem ser prevenidos, entretanto, algumas dicas podem ajudar a evitar acidentes e blindar as cartilagens. "Como controle de peso corporal, exercícios físicos frequentes e moderados e avaliação médica regular", lista o médico.
Gerenciando o problema em casa
EXERCÍCIO: AGACHAMENTO PARA FORTALECER MUSCULATURA DO QUADRÍCEPS
Em pé e com as costas retas, coloque o pé direito no centro e mantenha perna semiflexionada. A perna esquerda fica estendida na parte de atrás. Agache até os joelhos formarem um ângulo de 90 graus. Levante e repita o movimento. Faça duas séries de 10 exercícios para cada lado.
ENCONTRE UM HOBBIE
Ler, ouvir música ou descobrir qualquer outro passatempo ajuda a "enganar" o cérebro e diminui a dor percebida. "O cérebro é o nosso órgão principal no processamento das dores físicas. Isso pode ser uma agravante ou um forte aliado", reflete Alexandre Annes Henriques, psiquiatra e diretor científico da SBED. "Situações de distração costumam ser agradáveis, e podem liberar substâncias que propiciam um estado de relaxamento. Esses 'opioides' não necessitam de receita médica e podem reduzir a quantidade de sinais de dor na medula espinhal", defende.
COMA MAIS ALIMENTOS RICOS EM VITAMINA C
Alimentos com potencial anti-inflamatório podem ajudar em situações de inflamações crônicas, amenizando a dor. "Os antioxidantes estão presentes em muitos alimentos ricos em vitamina C - como caju, acerola e goiaba - e nos flavonoides do chá verde, açaí e morango", lembra a nutricionista Mariana Froes. A acerola, aliás, é uma campeã em vitamina C: cada 100 gramas da fruta contém 1,6g do nutriente. O valor está além da ingestão mínima preconizada do nutriente, que é de 75g para mulheres e 90mg para homens.
No consultório
ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA NERVOSA TRANSCUTÂNEA (TENS)
O estímulo elétrico realizado em sessões de fisioterapia reduz a dor e melhora a funcionalidade do joelho em casos de osteoartrose, segundo pesquisa da USP. "Se a dor for aguda, tendo em vista um processo inflamatório, podemos utilizar a crioterapia (gelo) ou a eletroterapia", completa Carmen Ilca de Almeida Vianna, fisioterapeuta de São Paulo (SP).
PSICOTERAPIA EM GRUPO
Um estudo com portadores de dores crônicas dos psicólogos Daiane Soares Silva, Luc Vandenbergh e Eliana Porto Rocha, de Goiânia (GO) mostrou benefícios da terapia em grupo no enfrentamento da dor. "A dor é um sofrimento individual e solitário. Os pacientes se sentem desamparados e tendem a se excluir com o tempo. Isso é um estressor que gera mais dor", explica Daiane. A psicoterapia ainda ajuda a superar o medo da dor e como influenciá-la indiretamente. "Por exemplo, mudando a maneira de lidar com o estresse cotidiano e modificando aspectos de seus relacionamentos que causam estresse desnecessário", indica Luc.

O QUE NÃO FAZER
- "Andar com mochilas pesadas ou qualquer outro tipo de sobrecarga é contraindicado. "Os joelhos e o quadril são como um caminhão de carga: quanto mais tempo,menos quilometragem o amortecedor aguenta", brinca o fisiatra Patrick Stump.
- Não suba escadas altas.
- Evite andar de bicicleta. Em linhas gerais, a modalidade esta liberada para quem tem lesão na tíbia e no fêmur, mas é contraindicada para lesões na parte de trás da rótula. "Nos casos indicados, a altura do celim deve estar correta", lembra o médico.
- Aparelhos como o legpress (exercícios de força para pernas) da academia também estão vetados.


DOR NOS QUADRIS

Dor aguda:
Lesões são a principal causa de dor aguda nos quadris. "Em atletas, é comum o chamado 'impacto do quadril', situação em que o osso do fêmur colide contra o osso da bacia. Dores por sobrecarga e inflamações nos tendões também são frequentes", ilustra Christiano Saliba Uliana, ortopedista especialista em quadril do Hospital VITA Batel (PR). Ambas podem cronificar.
Dor crônica:
As dores crônicas nos quadris são geralmente provocadas por fibromialgia, artrite reumatóide ou artrose. "Essa última provoca uma reação inflamatória na articulação, que é a responsável pela dor. A localização característica é na região da virilha", ensina o ortopedista. Mas não só. É comum, ainda, a necrose da cabeça do fêmur. Esse tipo de degeneração é provocado pela falta de sangue na região. "A causa pode ser o uso de medicamentos corticoides e pelo alcoolismo", explica o ortopedista Marco Antônio Ambrósio. Há ainda o fantasma da osteoporose, na qual ocorre perda do mineral cálcio e diminuição da densidade óssea. A doença deixa os ossos mais vulneráveis às fraturas e, consequentemente, à dor.
Tratamentos
Quando um trauma leva à dor aguda nos quadris, o melhor remédio é a já conhecida combinação de repouso, analgésicos, anti-inflamatórios e aplicação de gelo. Em alguns casos, é necessário encaminhar o paciente para a cirurgia. Outros métodos eficientes são o ultrassom terapêutico e a estimulação por ondas de choque. Já a dor crônica pode envolver anti-inflamatórios, analgésicos e antidepressivos, dependendo da causa.
Gerenciando a dor em casa
TAI CHI CHUAN
A arte marcial, caracterizada por movimentos serenos pode aliviar sintomas de fibromialgia, conforme apontou um estudo da Tufts University School of Medicine, dos Estados Unidos. Os pacientes que se exercitaram duas vezes por semana, durante três meses obtiveram melhora do dor, humor e sono. Os benefícios se mantiveram por um semestre ao fim do estudo.

EXERCITE-SE
Deite-se com as costas apoiadas. Mantenha uma das pernas flexionadas e a outra esticada. Eleve a perna esticada e mantenha nesta posição por 20 segundos. Repita o movimento 10 vezes para cada membro.
CONSUMA MAIS LEITE E DERIVADOS
Para previnir a osteoporose, é recomendada a ingestão de aproximadamente 1200 mg de cálcio, o que equivaleria a 4 copos de leite ou de iogurte por dia. Para completar, também é necessária aumentar a síntese de vitamina D, qe ajuda a fixar o mineral no osso. Para isso, basta se expor durante 15 minutos ao sol da manhã ou do final da tarde.
No consultório
HIDROTERAPIA
Pesquisa do Centro Universitário de Araraquara (Uniara) com jovens com atrite reumatoide mostrou que a hidroterapia com foco nos membros inferiores aumentou a amplitude dos movimentos do quadril e amenizou a dor na região. O tratamento consistiu em duas sessões semanais de uma hora, totalizando 10 sessões.
ACUPUNTURA
Segundo a medicina chinesa, a técnica equilibra a circulação das energias corpóreas que estariam em "conflito". "À luz da medicina ocidental, a acupuntura libera neurotransmissores responsáveis pela analgesia e melhora da ansiedade", traduz o fisiatra Patrick Stump. Pode ser utilizado em todos os tipos de dores crônicas.


O QUE NÃO FAZER
- Ficar parado. O lema é se exercitar mais, mas sem sobrecarga.
- Passe longe de escadas com degraus altos.
- Exercícios de impacto, como a corrida, também são contraindicados.
- Na academia, evite máquinas como leg press e mesa romana não devem ser usadas.

Fonte: http://revistavivasaude.uol.com.br/saude-nutricao/119/artigo277924-1.asp



O melhor remédio.

Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
 
As pessoas que se espantam e reclamam quando deputados ou senadores alvos de denúncias ou de algum tipo de desconfiança assumem postos de relevância no Parlamento, devem ter em mente que, uma vez eleitos, todos os congressistas dispõem dos mesmos direitos.

Em tese, têm os mesmos deveres para com as pessoas - espantadas ou não -, mas esta é outra parte da história.

Se a realidade não combina com nossas expectativas, de duas, uma: ou aceitamos ou nos movimentamos para evitar tais dissabores. Berrar, insultar, esbravejar contra os absurdos alivia, mas não resolve.

Manifestos via internet fora do período eleitoral, tampouco. Vale lembrar que o projeto que resultou na Lei da Ficha Limpa para candidatos chegou ao Congresso em setembro de 2009.

Dormiu em berço esplêndido até abril de 2010, quando suas excelências foram instadas a acordar devido à proximidade das eleições gerais de outubro, boa parte confiando que a lei seria declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.

O trabalho, portanto, é mais árduo. Começa pela consciência de que quanto mais longe da política o cidadão estiver, quanto mais rejeição ele manifestar por esse ambiente, acreditando que a exibição de repúdio o exime de responsabilidades, pior ficará.

O historiador britânico Arnold Toynbee resume a ópera em uma frase: "O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados pelos que se interessam".

É isso. Se as pessoas ficarem no conforto do nojinho inconsequente e sem compromisso com coisa alguma a não ser com a conversa que se joga fora, vale pouco ou quase nada gritar que o pastor apontado como homofóbico não pode presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, que o suspeito de ter recebido dinheiro indevido quando secretário de Educação não pode se sentar na presidência da Comissão encarregada da área, que o deputado condenado não pode assumir mandato, que o réu não pode comandar a Comissão de Constituição e Justiça, que o denunciado pelo Ministério Público não deveria presidir o Senado.

Uma vez contados os votos, legitimada a eleição, mandatos empossados, senhoras e senhores, Inês é morta.

O jeito que se pode dar é antes. Votando bem? Fundamental, mas não suficiente. O interesse pelo que se passa no País é o primeiro passo. O hábito de usar de discernimento para avaliar o que se vê e ouve é outro.

Informar-se, essencial. Chamar o parente, o amigo, o colega de trabalho a perceber que da junção de forças individuais é que se movimenta o coletivo, providencial.

Compreender o básico sobre a importância e o funcionamento das instituições, indispensável.

É difícil? O cidadão tem mais o que fazer? O assunto não é interessante? Pois, então, os que se interessam por ele desde já e para sempre penhorados, agradecem.

São nunca. A presidente Dilma Rousseff já não está com essa popularidade toda entre o empresariado. Ficará entre a cruz e a caldeirinha se realmente levar concretizar a promessa feita às centrais sindicais de "examinar" a redução da jornada de trabalho sem diminuição de salário.

Sendo obviamente a primeira a ter plena consciência da sinuca, o mais provável é que a presidente deixe o assunto para o Congresso, catedrático na arte do empurra.

Mau sinal. Deixa um desagradável aroma de tutela no ar a declaração do ministro da Defesa da Venezuela exortando a população e as Forças Armadas a cumprirem a "missão" de eleger Nicolás Maduro como sucessor de Hugo Chávez.

Diferentemente do Brasil, lá o ministro da Defesa é militar, almirante Diego Molero.

Das 'ideias arranjadas' à realidade inquietante.

Washington Novaes *
Diante da notícia de que, segundo o IBGE, a economia brasileira teve o pior desempenho desde 2009, com um crescimento de apenas 0,9%, o ministro Guido Mantega (da Fazenda) afirmou, categoricamente, que "a crise não bate na porta da família brasileira (...). Tivemos ótimo resultado de emprego. Os brasileiros estão adquirindo casa própria, automóveis. Para a população foi um ano de melhoria de condições de vida".

Tudo depende dos ângulos pelos quais se queira ver as questões. Também a presidente da República havia dito algumas semanas antes (Folha de S.Paulo, 5/2) que até este mês de março "o governo terá retirado da pobreza extrema todas as pessoas que vivem nessa situação no País e que estejam cadastradas pelo governo". E mais: "Tiramos, entre 2011 e 2012, mais de 19,5 milhões de pessoas da pobreza extrema" - ou seja, famílias com renda per capita mensal de até R$ 70. O Brasil, conforme os dados governamentais, tem 13,5 milhões de famílias que recebem a Bolsa-Família (R$ 70 mensais por pessoa), ou 50 milhões de pessoas que recebem R$ 23,2 bilhões por ano. É muito, embora represente menos de 20% do que o próprio governo paga por ano aos bancos de juros da dívida. E embora R$ 70 mensais por pessoa ainda estejam abaixo da "linha da pobreza" admitida pela Organização das Nações Unidas (ONU), que está em US$ 2 por dia (US$ 60 por mês ou R$ 120 mensais).

De qualquer forma, ainda temos 2,5 milhões de pessoas "fora de programas sociais" e em extrema pobreza (Folha de S.Paulo, 16/2) - o que corresponde a uma vez e meia a população de Montevidéu. E os 50 milhões de pessoas com renda mensal até R$ 70 são mais do que a população toda da Argentina, cinco vezes a de Portugal (10,6 milhões), mais que a da Espanha, quase tanto quanto a da Inglaterra. Na verdade, o Brasil ainda continua entre os países com maior desigualdade de renda no mundo (1% mais ricos da nossa população tem 17% de toda a renda). E teremos em duas décadas mais de 20 milhões de pessoas que se somarão à população de hoje. Mas também é certo que em uma década nossa taxa de mortalidade infantil baixou quase para a metade do que era. Já a taxa de analfabetismo até 15 anos de idade caiu 30%. O esforço total significa que o governo federal está gastando 50,4% de suas despesas, ou R$ 405,2 bilhões anuais (excluídas as da dívida), em programas, além do Bolsa-Família, como os de amparo ao trabalhador, previdência urbana e rural, seguro-desemprego, assistência, abono salarial, assistência a deficientes e idosos.

Mas não estamos sozinhos no barco das dificuldades. Diz a ONU que mais de 800 milhões de pessoas no mundo passam fome todos os dias e uns 40% da população mundial (2,8 bilhões de pessoas) vivem com renda abaixo da linha da pobreza. Quase metade dos habitantes do planeta não dispõe de saneamento básico, o que leva mais de 1 bilhão de pessoas a defecar ao ar livre todos os dias (mais de 600 milhões na Índia). Mas os pobres, embora sejam maioria, só consomem um terço dos alimentos produzidos, enquanto um terço é desperdiçado. Como vamos ter pelo menos mais 2 bilhões de pessoas, talvez 2,5 bilhões, até 2050, será preciso produzir mais comida. Como, se a agricultura já usa 70% da água disponível na Terra e teria de chegar a quase 90%, quando 1 bilhão de pessoas já não têm acesso a água de boa qualidade?

Não custa citar mais uma vez os números que o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) tem reiterado: os países industrializados, com menos de 20% da população mundial, consomem quase 80% dos recursos totais; as três pessoas mais ricas do mundo, juntas, têm tanto quanto o produto interno bruto (PIB) conjunto dos 48 países mais pobres, onde vivem 600 milhões de pessoas; as 257 pessoas mais ricas, com mais de US$ 1 bilhão cada, juntas têm mais que a renda anual de 40% da humanidade. E os 500 milhões de pessoas mais ricas (7,14% da população total) emitem 50% dos poluentes que causam mudanças climáticas. Um indiano consome 4 toneladas anuais de materiais, um canadense, 25 toneladas. Se se quiser chegar mais perto, o padrão médio de consumo de recursos dos paulistanos está 2,5 vezes acima da média global.

E assim vamos, aumentando as emissões de poluentes, elevando a temperatura do planeta, gerando cada vez mais "desastres naturais". Como se vai fazer, se mesmo com tantos programas em toda parte não conseguimos reverter as tendências globais - ao contrário, enfrentamos cada vez mais dificuldades, com as crises econômico-financeiras na Europa e suas repercussões no mundo? "Nosso modelo econômico e social está esgotado", tem repetido o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. E a crise não se resolverá em menos de cinco anos, afirma a chefe do governo alemão, Angela Merkel (já há economistas que preveem até "um século" para superar o drama).

Utópicos acham que só poderá haver soluções com uma reforma global que conduza à equidade entre países e, em cada um, entre as pessoas. Mas como se fará, se isso depende de decisões políticas que englobem todos os países, com problemas, visões e urgências políticas extremamente diferenciadas? Como reconfiguraremos o mundo, se a descrença na política é cada vez maior, principalmente por aqui? Quem tem a fórmula mágica? Como diz o personagem de Guimarães Rosa em Grande Sertão: Veredas, "uma coisa é pôr ideias arranjadas, outra é lidar com país de pessoas, de carne e sangue, de mil-e-tantas misérias... Tanta gente - dá susto de se saber - e nenhum se sossega: todos nascendo, crescendo, se casando, querendo colocação de emprego, comida, saúde, riqueza, ser importante, querendo chuva e negócios bons...".

É a equação que está diante de todos, hoje. Com as crianças à espera de respostas sobre um futuro inquietante. E quanto mais demorarem as respostas, mais difícil será.

* Washington Novaes é jornalista. E-mail: wlrnovaes@uol.com.br.

Mulheres presidentes ainda são poucas no país.

O grupo de mulheres à frente de grandes companhias brasileiras é restrito.
Além da Graça Foster, da Petrobras, apenas três ocupam a cadeira da presidência quando são consideradas as 64 empresas cujas ações compõem o índice Ibovespa.
Anna Christina Ramos Saicali comanda hoje a B2W (que reúne Americanas.com e Submarino), Dilma Pena, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e Ana Maria Machado Fernandes, o grupo EDP (empresa do setor de energia elétrica).
Em outras companhias, como na Totvs, aparece uma ou outra vice-presidente.
"A maior parcela dos presidentes é proveniente do setor comercial das empresas, área em que há poucas mulheres. Elas costumam ir para administração ou marketing", diz a professora da FGV Denise Delboni.
"A gravidez também afeta. Elas se afastam por um período, enquanto os homens continuam avançando."
Além da presença reduzida nas principais posições, as mulheres que ocupam cargos de alta gerência continuam recebendo menos.
O setor que apresenta maior desigualdade hoje é o de seguros, segundo a Michael Page, empresa de recrutamento corporativo.
"Seguros é uma área tradicionalmente masculina, onde as mulheres foram entrando aos poucos e hoje começam a ocupar cargos gerenciais, mas estão nos de menor importância", diz Sérgio Sabino, responsável pelos estudos da Michael Page no Brasil.
Nesse setor, o sexo feminino ganha apenas 34% do valor dos salários dos homens em cargos gerenciais.
Em seguida, aparece o varejo como segundo pior segmento para as mulheres.
*
'Nos EUA, menos de 15% dos CEOs são mulheres'
Nem nos Estados Unidos a presença feminina na cúpula das companhias é lá muito animadora. "Menos de 15% dos CEOs de empresas listadas nos índices americanos de ações Dow Jones e Nasdaq são mulheres", diz Debora Spar, presidente do Barnard College, da Universidade Columbia, em Nova York.
"Nos conselhos dessas companhias, só 15 ou 16% dos assentos são ocupados por mulheres." Para a professora, uma mudança significativa desse cenário nos Estados Unidos ainda vai levar "pelo menos uma década."
Na Europa, o panorama é um pouco melhor, segundo Spar. "Alguns países adotaram cotas para garantir a presença feminina nos conselhos das empresas. Mas ainda não chegam a 50%".
"As cotas não são a melhor estratégia para os EUA. Não gostamos de cotas de nada neste país. Não é bom conseguir um cargo apenas porque há cotas."
O avanço virá, diz. "Talvez não tão rápido quanto desejássemos. Aqui nos EUA, a pressão de dentro das empresas e da mídia funcionará mais do que cotas."
Dar autoconfiança às meninas é essencial. "Mas também educá-las para serem líderes, com capacidades necessárias como administração e negociação."
Fundado em 1889, o Barnard College foi uma das primeiras faculdades do mundo a oferecer um currículo focado em liderança exclusivamente para mulheres.
Todo ano, o Barnard realiza simpósios para levantar questões de gênero, em especial as relacionadas ao mercado de trabalho. Os encontros anteriores foram na China, na África do Sul, em Dubai e na Índia.
Em diferentes setores e com velocidade diversa, as mulheres vêm avançando, observa Spar nos seminários realizados pelo mundo.
"Na Índia, por exemplo, os progressos foram mais notados entre mulheres que trabalham no setor financeiro. Na África do Sul, elas foram bem no governo, mas não tanto no setor privado", relata a professora.
Pequenas iniciativas nas empresas, como uma sala para retirada de leite podem ajudar muito, de acordo com a professora.
"Mulher Maravilha: Sexo, Poder e a Busca por Perfeição" é o título provisório de seu próximo livro, que deverá ser lançado em setembro próximo.
O evento deste ano, intitulado "Women Changing Brazil" (Mulheres que Mudam o Brasil) será presidido por Spar, em São Paulo, no próximo dia 18.
*
Saúde
Mulheres que trabalham fora são menos cuidadosas com a saúde, de acordo com pesquisa feita pela operadora do setor Omint.
O levantamento mostra que 5,5% das trabalhadoras não realizaram mamografia -exame que deve ser feito anualmente- em 2012. Entre as donas de casa, a parcela é de 2,3%.
A diferença é maior no caso de ultrassonografia de mama: 18,6% das mulheres ativas no mercado não se submeteram ao exame. A porcentagem é de 4,5% entre as que trabalham em casa.
O Papa Nicolau foi feito por todas as donas de casa pesquisadas. No outro grupo, 5,7% passaram o ano sem realizá-lo.
"Não é considerado um percentual alto se olharmos para as estatísticas do país. Mas chama a atenção o fato de que se trata de um publico qualificado, com boa formação e acesso a plano de saúde", afirma Caio Soares, diretor médico da operadora de saúde.
*
Financiamento feminino
As mulheres já representam mais da metade das operações de microcrédito, conforme números de algumas instituições bancárias.
Nas operações do Santander, elas são responsáveis por aproximadamente 70% da carteira de clientes da instituição na modalidade.
"Os índices de adimplência da nossa operação, por exemplo, são de cerca de 96,5%, mas o pagamento em dia é ainda melhor quando olhamos só a base de clientes mulheres", afirma Jerônimo Ramos, superintendente do Santander.
No Banco do Brasil, mais de 360 mil mulheres fizeram pequenos empréstimos -o que representa cerca de 60% do total de clientes de microcrédito.
No Itaú, o percentual de de mulheres na carteira de microcrédito é de 62%.
"A intensa participação feminina na carteira reflete o perfil empreendedor que muitas têm", afirma Eduardo Ferreira, superintendente do Itaú Microcrédito.
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Igualdade... O número de mulheres no comando de franquias brasileiras é quase igual ao de homens, segundo a consultoria especializada em franchising Rizzo.
...na franquia Dos 133.599 franqueados ativos até o final do ano passado, 51,4% eram homens e 48,6%, mulheres.
Óleo... A Petrobras aumentou a contratação de mulheres em 120% nos últimos nove anos. Segundo informação da empresa, o crescimento da admissão de mão-de-obra masculina foi de 60% no mesmo período.
...e batom De um total de 6.653 gerentes, as mulheres ocupam hoje 1.104 cargos de gerência, aproximadamente 17%.
Mandatárias Além da presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, a companhia conta com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, no conselho de administração.
com JOANA CUNHA, LUCIANA DYNIEWICZ e RONALDO PASCHOALINO

Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial. 

Contra as raposas, uni-vos!

BRASÍLIA - O Congresso ultrapassou todos os limites com a indicação e eleição do deputado federal e pastor Marco Feliciano para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (atenção ao "minorias") da Câmara. A gente acha que já viu tudo, mas...
Essa história tem um enredo. O PT controla tradicionalmente a comissão, até porque o tema tem muito a ver com a história do partido, mas optou dessa vez por três comissões mais retumbantes. Junto com o PMDB, jogou a de Direitos Humanos no colo de aliados. E justamente no do Partido Social Cristão (PSC).
Boa coisa não ia dar, mas, como tudo que é ruim sempre pode piorar (diferentemente da máxima do também deputado Tiririca), a bancada do PSC indicou e a comissão elegeu o pastor Feliciano, que está no primeiro mandato, que se diz formado em teologia, com mestrado em teologia e doutorado em divindade, e que deixou um rastro racista e homofóbico nas redes sociais.
Pelo Twitter, tascou que "africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé" e que "a podridão dos sentimentos dos homoafetivos leva ao ódio, ao crime, à rejeição". Por mais que explique, não justifica.
Pensar e acreditar em coisas assim já é um absurdo inacreditável, além de inaceitável, mas escrever e divulgar isso é um verdadeiro escândalo. Mais absurdo, mais inacreditável, mais inaceitável e mais escandaloso ainda é o sujeito pensar, escrever e acabar presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
Câmara e Senado, aliás, estão virando um zoológico de raposas tomando conta de galinheiros. Processados têm assento nos Conselhos de Ética, produtores rurais presidem as Comissões de Meio Ambiente e condenados pelo Supremo integram as de Constituição e Justiça.
Mas, enfim, depois que um senador renuncia à presidência do Senado, volta e é eleito novamente para o cargo, o que mais se poderia esperar?

Eliane Cantanhêde, jornalista, é colunista da Página 2 da versão impressa da Folha, onde escreve às terças, quintas, sextas e domingos. É também comentarista do telejornal "Globonews em Pauta" e da Rádio Metrópole da Bahia.

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