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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Comer menos gordura, mas sem fazer dieta, já é suficiente para emagrecer.

Estudo mostrou que passar a ingerir menos alimentos gordurosos promove o emagrecimento mesmo mantendo os outros aspectos da alimentação habitual.

Dieta
Emagrecimento: Pesquisa britânica mostra que nem sempre somente dietas rigorosas promovem a perda de peso (Hemera Technologies/Thinkstock)
Uma nova pesquisa britânica mostrou que nem sempre é preciso seguir uma dieta com uma série de restrições — como eliminar carboidratos ou açúcar, por exemplo — para que uma pessoa consiga perder peso. Segundo o estudo, trocar alimentos muito gordurosos por outros mais saudáveis, mesmo mantendo os outros aspectos da alimentação que um indivíduo costuma seguir, já surte efeitos significativos e duradouros no emagrecimento e na redução do índice de massa corporal (IMC) e dos níveis de colesterol no sangue. Essas conclusões foram publicadas nesta sexta-feira na revista British Medical Journal.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Effect of reducing total fat intake on body weight: systematic review and meta-analysis of randomised controlled trials and cohort studies

Onde foi divulgada: revista British Medical Journal (BMJ)

Quem fez: Lee Hooper, Asmaa Abdelhamid, Helen Moore, Wayne Douthwaite, Carolyn Summerbell e Murray Skeaff

Instituição: Universidade East Anglia, Universidade de Durham, Grã-Bretanha, e Universidade de Otago, Nova Zelândia

Dados de amostragem: 73.589 pessoas

Resultado: Em seis meses, reduzir o consumo de gordura pode levar a uma perda de peso de, em média, 1,6 quilo, além de uma redução do colesterol, do IMC e da circunferência abdominal
Esse trabalho foi encomendado pelo grupo que estuda dieta e nutrição da Organização Mundial da Saúde (OMS) e, segundo os autores, serão fundamentais para que o órgão estabeleça novas recomendações globais de alimentação. Para o estudo, os pesquisadores revisaram 33 ensaios clínicos realizados ao redor do mundo que, ao todo, envolveram mais de 70.000 homens, mulheres e crianças.
Leia também:
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Efeitos positivos — Os resultados do levantamento mostraram que, em um período de seis meses, as pessoas que passaram a ingerir menos alimentos gordurosos, em comparação com aquelas que consumiam mais gordura, em média, emagreceram 1,6 quilo, perderam 0,5 centímetro de circunferência abdominal e reduziram seu IMC em 0,56. Elas também apresentaram uma diminuição nos níveis de colesterol "ruim" (LDL) na corrente sanguínea. Esses efeitos foram “obtidos rapidamente” e a perda de peso mantida por, ao menos, sete anos. Ainda segundo a pesquisa, esses indivíduos não adotaram nenhum programa de emagrecimento, sugerindo que esses benefícios ocorreram entre pessoas que seguem uma alimentação comum.
“A redução de peso que nós observamos quando as pessoas passavam a comer menos gordura foi significativa e consistente, já que quase todos os estudos que analisamos mostraram isso. Quanto mais gordura os participantes cortavam de sua alimentação, mais peso eles perderam”, afirma Lee Hooper, pesquisadora da Universidade East Anglia, na Grã-Bretanha, e coordenadora do estudo. Ela lembra que, embora o efeito do emagrecimento não tenha sido tão intenso quando o de uma dieta, ele ocorreu entre pessoas que não estavam obcecadas por emagrecer.
Segundo Hooper, o estudo não levou em consideração os tipos de gordura. Mas, para Lee, reduzir o consumo de gorduras saturadas já é suficiente para ajudar na perda de peso, além de proteger a saúde cardíaca. "Isso significa, por exemplo, que estão liberados o leite e o iogurte desnatados, mas que é ideal cortar a ingestão de manteiga, de queijos, da gordura que pode vir junto com uma carne e de lanches gordurosos, como bolachas e bolos.”

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/comer-menos-gordura-mas-sem-fazer-dieta-ja-e-suficiente-para-emagrecer

MEC 'reprova' 577 instituições de ensino superior.

Unidades receberam notas baixas em avaliação da pasta; 976 cursos também obtiveram conceito insuficiente na medição oficial.

Ministro Aloizio Mercadante divulga avaliação do ensino superior
Ministro Aloizio Mercadante divulga avaliação do ensino superior nesta quinta-feira em Brasília (06/12/2012) (Elza Fiuza/ABr )
O Ministério da Educação (MEC) "reprovou" 577, ou 27%, das 2.136 instituições de ensino superior avaliadas pelo Índice Geral de Cursos (IGC), divulgado nesta quinta-feira. Essas faculdades, universidades ou centros universitários obtiveram conceitos considerados insuficientes e serão notificadas pelo mau desempenho.
Confira o IGC das instituições avaliadas pelo MEC (arquivo .xls)
O IGC varia de 1 a 5, sendo que as notas 1 e 2 são consideradas insuficientes. Caso a instituição "reprovada" não corrija suas deficiências, melhorando o desempenho nas avaliações seguintes, pode sofrer sanções, que podem determinar a redução do número de vagas ou mesmo o descredenciamento junto ao MEC.
O conceito 3, considerado razoável, foi obtido por mais da metade das instituições: 50,6% ou 1.081 unidades. Outras 190 (8,9%) conseguiram nota 4 e apenas 27 (1,3%) conquistaram o conceito máximo do MEC, a nota 5.
Nota-se uma diferença significativa entre as redes de ensino pública e privada. Enquanto 32,6% das instituições públicas obtiveram nota 4, apenas 6% das privadas conseguiram o mesmo conceito. A participação se inverte quando são analisadas as instituições com conceito 2: 37 públicas receberam tal nota, contra 531 privadas.
Em 2011, 683 instituições foram "reprovadas" pelo IGC. Por isso, foram notificadas pelo MEC, que apertou o cerco principalmente sobre as faculdades que ofereciam cursos na área da saúde.
O IGC é calculado a partir do Conceito Preliminar de Curso (CPC), avaliação de parte dos cursos oferecidos no país feita pelo MEC. O CPC também foi divulgado nesta quinta-feira.
De acordo com o balanço, 976 cursos obtiveram notas 1 e 2, considerados insuficientes. O número representa 12,9% dos 7.576 cursos analisados. Desse total, 3.166 (41,8%) foram considerados satisfatórios e receberam nota 3, enquanto 1.979 (26,1%) ganharam nota 4 e 203 (2,7%) conseguiram o conceito 5.
Confira o CPC dos cursos avaliados pelo MEC (arquivo .xls)
O CPC é calculado a partir da análise de três parâmetros: desempenho dos estudantes no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), infraestrutura e organização pedagógica, além de corpo docente. Desses três itens, o Enade tem o maior peso na nota final, representando 55% do conceito, enquanto o quesito infraestrutura vale 15% e o corpo docente, 30%.
VEJA
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MEC reprova 683 instituições de ensino superior em 2011



Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/mec-reprova-577-instituicoes-de-ensino-superior

Chrome é 'exceção' em kit que explora brechas de navegadores.

'Black Hole' apela para engenharia social para atacar Chrome.
Funções do navegador dificultam a exploração de falhas.

Altieres Rohr Especial para o G1.com

Para Chrome, kit de ataque desiste de explorar falhas e exibe página específica para enganar internauta. (Foto: Reprodução/Blue Coat) 
Para Chrome, kit de ataque desiste de explorar falhas e exibe página específica para enganar internauta.
(Foto: Reprodução/Blue Coat)

O pesquisador de segurança Adnan Shukor observou uma mudança no comportamento do kit de ataques conhecido como "Black Hole" ("Buraco Negro"). O "Black Hole" cria uma página web maliciosa que, quando visitada, tenta explorar múltiplas vulnerabilidades no navegador web e nos plug-ins da vítima para instalar automaticamente um vírus no sistema. No entanto, se o navegador web for o Chrome, o "Black Hole" desiste de explorar qualquer vulnerabilidade e leva o internauta a uma página que oferece um instalador falso do próprio Chrome contendo a praga digital.
O comportamento do "Black Hole" mostra que o kit aparentemente desiste de explorar qualquer falha no Chrome, preferindo tentar enganar o internauta em vez de apostar na exploração de alguma falha de segurança.
Shukor, que trabalha para a empresa de segurança Blue Coat, atribui essa mudança de comportamento ao leitor de documentos PDF embutido no Chrome, que dispensa o plug-in do Reader, e à confirmação que o navegador exige antes de executar um applet Java. Brechas no Java e no Adobe Reader são duas das principais vias de ataque do "Black Hole". As outras são o Flash e falhas no próprio navegador, que, no Chrome, são atualizados automaticamente.
Apesar de os navegadores Firefox e Internet Explorer também conseguirem resistir ao Black Hole se estiverem completamente atualizados, muitos usuários não utilizam a versão mais recente dos navegadores, ficando vulneráveis aos ataques. Eles também não solicitam confirmação extra para a execução do Java.

terça-feira, 27 de novembro de 2012


Afaste o inimigo da produtividade.


O ambiente de trabalho é cercado de estímulos que podem atrapalhar a realização das atividades. Saiba como detectar os problemas e de que formar evitar que celulares, e-mails em excesso, redes sociais e problemas na vida pessoal interfiram no trabalho de seus colaboradores.


texto de Marcelo Casagrande
Em revista Gestão & Negócios - Para vencer na vida pessoal e profissional.



"Quando o smartphone emite qualquer tipo de som, seja SMS, ligação ou comunicadores instantâneos, não consigo deixar de olhar; mais que isso, eu não consigo deixar a outra pessoa sem resposta"
Cinthia Martins,
Estagiária
O ambiente não ajuda muito. São sete pessoas no escritório, quase todas mulheres que têm a conversa no sangue, afinal, são comunicadoras. O resultado disso já é de se esperar: precisam falar, e muito, sobre as atividades que estão sendo desenvolvidas para os clientes, mas, às vezes, sobra um tempinho para o papo extra.
Só que esse é o menor dos problemas para a estagiária em mídias sociais, Cinthia Martins. Ela garante que uma das coisas que mais tira a concentração durante o expediente é o smartphone. "Quando o smartphone emite qualquer tipo de som, seja SMS, ligação ou comunicadores instantâneos, não consigo deixar de olhar; mais que isso, eu não consigo deixar a outra pessoa sem resposta", conta Cinthia que faz estágio em uma agência de comunicação há mais de um ano.
A postura que ela adota tem motivo: "Como eu não gosto de ligar e não ser atendida, penso que os outros também são assim. Mesmo que eu não possa falar eu atendo e digo 'Estou ocupada, posso ligar depois?'". A distração que Cinthia tem não interfere no resultado final do trabalho, mas já rendeu alguns puxões de orelha da sua chefe, que está de olho em cada passo da funcionária. "Foi aí que passei a me atentar, organizar melhor o meu tempo e focar no que realmente é importante", revela Cinthia.
Quem pensa que a estudante paulistana é exceção está completamente enganado. O que mais se vê são pessoas que perdem o fio da meada por interrupções externas. Na lista de vilões no ambiente de trabalho estão as ligações telefônicas, o celular pessoal, trocas de e-mails intermináveis, sem contar as reuniões, que muitas vezes mais criam do que resolvem problemas. "O ato de parar e recomeçar gera um esforço do cérebro e um tempo para continuar a atividade de onde se estava. Ou se perde tempo, ou se perde qualidade da atividade a ser realizada", explica o sócio da Search Consultoria em Recursos Humanos, Marcelo Braga.
Estudos norte-americanos apontam que as interrupções em excesso podem diminuir em até 30% a capacidade de realização de atividades, o que faz com que o trabalho final deixe a desejar. "Quanto mais sensível a estímulos externos ou internos, mais interrupções ocorrerão e maior será a dificuldade em retomar uma tarefa, visto que a atenção focada antecede a concentração", justifica a psicóloga da Personal Service, Rochele Mendonça.
"O ato de parar e recomeçar gera um esforço do cérebro e um tempo para continuar a atividade de onde se estava. Ou se perde tempo, ou se perde qualidade da atividade a ser realizada"
Marcelo Braga, da Search Consultoria
Quadrado sem paredes
Em muitos escritórios impera o modelo chamado "derrubada de paredes". Ambientes onde equipes inteiras dividem o mesmo espaço, às vezes, em baias individuais, ora, em células de atendimento com quatro ou oito pessoas. Na teoria, a medida diminui ruídos de comunicação e faz com que os funcionários passem a interagir entre si, com foco na resolução de problemas. Porém, na prática, há empreendedores que acreditam que o reflexo é a queda de rendimento.
Para Braga, o modelo sempre terá prós e contras. O que o líder tem que analisar é a realidade da própria empresa. "Se ele atua em um ambiente onde já existe uma distância entre os funcionários, 'tirar as divisórias' vai melhorar o desempenho, facilitando o treinamento, interação, fluxo de informação, ai deixar a equipe ver o que acontece em toda a companhia. No entanto, em uma realidade contrária, onde se exige mais concentração e é preciso melhorar a produtividade, talvez escritórios mais segmentados sejam mais produtivos", analisa Braga.
Dica para os e-mails sem fim
O envio de e-mails para o grupo de trabalho se tornou praticamente uma regra dentro de muitas empresas. A orientação para que o ambiente do seu escritório não atrapalhe o desenvolvimento das atividades é evitar mensagens desnecessárias: informações sobre um problema pontual na documentação de um determinado cliente não precisam ser replicadas, por exemplo, para o setor de recursos humanos, assessoria de imprensa ou informática. Limite-se a copiar quem realmente tem a ver com a história como os departamentos financeiro e administrativo.
É nesse tipo de cenário, em um grande escritório sem divisórias, que a redatora da agência PopCorn Comunicação, Janaína Carvalho, trabalha com outras 20 pessoas. Mas a publicitária já se acostumou com a interação, por isso, não sente dificuldade, pelo contrário, ela conta que a técnica usada por parte da equipe é tratar determinados assuntos por e-mail.
Dessa forma, ela consegue se desligar do resto do movimento, sem deixar pontos importantes sem resposta. "Chego ao ponto de não perceber pessoas falando comigo quando estou envolvida em alguma atividade. Mas algo que me irrita é o telefone, fixo ou celulares, tocando. Tanto que eu sempre deixo meus telefones no silencioso", conta Janaína.
Quando o assunto é a atenção dispensada às redes sociais, ela garante que não perde o rendimento, já que acredita que é preciso intercalar a rotina puxada com momentos, mesmo que rápidos, para refrescar a cabeça. "Em trabalhos criativos, como a publicidade, é necessário estarmos inseridos em tudo o tempo todo. Nunca se sabe de onde virá a inspiração. Além do mais, acredito que quando você não distrai a mente, perder o foco no momento crucial se torna constante", revela.
Para conseguir driblar a "praga" da distração, uma dica importante é identificar os ofensores da concentração, dessa forma fica mais fácil neutralizá-los evitando prejuízos na produtividade. "Se faz necessário uma autopercepção clara para atuar de forma assertiva no foco do problema", orienta Rochele. A palavra-chave para amenizar a situação é a adaptação. Ao compreender que o escritório é um ambiente de pluralidades, cria-se a sensibilidade para desenvolver hábitos e métodos que ajudem a contornar possíveis distrações.
Adaptação de mão dupla
Só que as mudanças não devem partir única e exclusivamente do funcionário. As empresas ainda precisam aprender a atuar, afinal, em um ambiente repleto de interferências, e já é a realidade da maioria, se não, de todas.
Muito difícil ver alguém que não tenha celular, e-mails pessoais ou que não esteja inserido nas redes sociais. Além disso, as próprias empresas possuem e-mails corporativos e ferramentas internas de comunicação instantânea que contribuem ainda mais para esse aspecto. "O mundo vive com muita informação, mas nem sempre informação de qualidade. Muito do que se recebe não é aproveitado da forma adequada e tira o foco, reduz a produtividade e atrapalha a qualidade da entrega", diz Braga.
Cada empresa terá que olhar para o perfil do quadro de funcionários e buscar uma solução que atenda a necessidade da empresa, sem limitar o uso desses "novos" meios de comunicação. "A limitação ou proibição poderia acarretar uma desmotivação, aumentando o turnover na empresa", complementa o executivo da Serach Consultoria em Recursos Humanos, Marcelo Braga.
Na ponta do lápis
O advogado e sócio-adminstrador do escritório Gaiofato Advogados Associados, Alexandre Gaiofato, leva adiante uma lição que aprendeu no primeiro lugar em que trabalhou ainda como estagiário. Ele não dispensa, por nada, a agenda para lidar com a demanda de trabalho no dia a dia. Uma forma eficaz para que caso o "universo" o distraia durante uma atividade e consiga retomar o que estava fazendo sem deixar nada para trás. "Atualmente utilizo muito minha agenda eletrônica que se comunica com meu celular e posso listar minhas obrigações naquele dia. Assim, ao sair do escritório, me desligo sabendo que cumpri com o necessário e, ao retornar no dia seguinte, as tarefas que deixei de fazer estarão listadas para cumprimento", explica Gaiofato.
A produtividade sempre em dia e dentro do programado faz com que o advogado não precise levar trabalho para casa. Algo muito comum para quem não consegue render o necessário dentro do ambiente de trabalho, mas para Gaiofato é diferente. "Divido minhas obrigações ao longo do dia, me dedico muito e mantenho o foco, o que demanda grande concentração e perda de energia, portanto, sempre reservo o horário após o expediente para minha família, atividade física, estudo e lazer", conta.
"[...] Caberá ao gestor conhecer as principais características dos integrantes de sua equipe, manter uma comunicação saudável com os mesmos, além de alinhar as suas expectativas e necessidades"
Rochele Mendonça, da Personal Service
De olho em seu funcionário
Quem é chefe sabe bem o quanto a produtividade negativa de um funcionário pode atrapalhar os planos da empresa. Por isso, fique atento aos seus subordinados e veja o quanto os fatores externos são obstáculos para o desenvolvimento deles. Afaste de vez os vilões que insistem em rondar o escritório, mas tenha a consciência de que eles são muitos: baixa capacidade técnica para o exercício da função, competências comportamentais não adequadas para a função, problemas pessoais, problemas de relacionamento com colegas de trabalho ou com chefes, baixo comprometimento e falta de ferramentas de trabalho adequadas.
"Divido minhas obrigações ao longo do dia, me dedico muito e mantenho o foco, o que demanda grande concentração e perda de energia, portanto, sempre reservo o horário após o expediente para minha família, atividade física, estudo e lazer"
Alexandre Gaiofato, da Gaiofato Advogados Associados
A velha máxima já dizia que "cabeça vazia é fábrica de porcaria". Nada mais direto para definir a ociosidade do funcionário. Vale a pena investir tempo na análise do seu funcionário para ver se ele está com tempo livre ao invés de produzir o que precisa. Faça reuniões de alinhamento com os status das atividades e acompanhe as entregas. "Em alguns casos o monitoramento constante poderá incentivar ou travar um profissional, isso dependerá do perfil de cada um. Caberá ao gestor conhecer as principais características dos integrantes de sua equipe, manter uma comunicação saudável com os mesmos, além de alinhar as suas expectativas e necessidades", orienta Rochele.
Fatores que interferem na concentração
Externos: Correspondem a estímulos do ambiente como a temperatura, luminosidade, aparência e local. Internos: Correspondem aos estímulos físicos como fome, sede, calor, frio, dor, além dos emocionais como alegria, tristeza, ansiedade, expectativa e apreensão.
Fonte: Rochele Mendonça, da Personal Service
Para Marcelo Braga, outro ponto que pode ajudar é ter clara a percepção do quanto que determinada função precisa entregar. Muitos chefes cobram, mas não sabem bem o quanto é possível ser produzido por aquela pessoa, considerando todas as responsabilidades que o funcionário possui. "Uma vez que você sabe o que o funcionário deveria entregar é importante ter o controle sobre a produção. Depois disso, caso não seja cumprido, faça uma avaliação para tentar identificar os gargalos para a baixa produtividade e agir em cima deste problemas", encerra.
Top 5 - Força tarefa a favor da produtividade
1. Coloque o celular no silencioso e evite consultá-lo a todo o momento
2. Organize uma lista de tarefas a serem realizadas no dia por ordem de prioridades
3. Evite estímulos visuais e sonoros na mesa de trabalho
4. Realize intervalos para se alongar, hidratar e relaxar
5. Defina horários para atividades rotineiras, em suma, planeje o seu dia
Fonte: Rochele Mendonça, da Personal Service


A revolução tecnológica da Geografia.


Como o uso de tecnologias vem revolucionando o modo de se encarar e fazer Geografia.


da Redação da revista Geografia Conhecimento Prático



Divulgação

SIGs
O termo SIG vem da tradução do inglês de Geographical Information Systems ou Geographic Informations Systems (GIS), Sistemas de Informação Geográfica. Na definição de Burrough e McDonnel, dois estudiosos da área, um SIG "é um poderoso conjunto de ferramentas para coleta, armazenamento, recuperação, transformação e visualização de dados espaciais do mundo real para um conjunto de propósitos específicos".
SGBD
Dentro do SGBD de um SIG existem dois tipos de dados: os espaciais e os alfanuméricos. Os dados espaciais são os que podem ser representados espacialmente, ou seja, de forma gráfica, como imagens, mapas temáticos e planos de informações (PIs). Os dados alfanuméricos são constituídos por caracteres (letras, números ou sinais gráficos), que podem ser armazenados em tabelas, formando um banco de dados.
O estudo e o mapeamento da distribuição de recursos naturais e do arranjo social sempre valeram para a Geografia um papel essencial nas sociedades organizadas. Até recentemente, essas atividades eram realizadas apenas em documentos e mapas em papel, o que limitava o cruzamento de diversos mapas e dados.
No entanto, com o desenvolvimento tecnológico, tornou-se possível armazenar e representar tais informações no computador, o que abriu espaço para o geoprocessamento.
O advento das geotecnologias - com especial destaque para os Sistemas de Informações Geográficas (SIGs ), que são a base do geoprocessamento, e para os avanços na área de Sensoriamento Remoto - abriu novos campos de atuação para a geografia, trouxe consideráveis avanços no desenvolvimento de pesquisas e tornou a interatividade com outras áreas de conhecimento essencial para a obtenção de resultados.
E o marketing descobriu a geografia.
Um braço do geoprocessamento se tornou fundamental na tomada de decisão das grandes empresas: o geomarketing. Usando um sistema baseado em mapas digitais, softwares SIGs e bases de dados diversas distribuídas graficamente, as empresas podem analisar as tendências de mercado, monitorar a concorrência, visualizar oportunidades e definir quando lançar campanhas de marketing.
Um exemplo de uso de geoprocessamento nos negócios está na cadeia de fast-food McDonald's, que usa ferramentas de SIGs para estudar o perfil socioeconômico de cada ponto de suas lojas, reunindo e cruzando dados para se adequar a cada região.

Conceitos e aplicações
O geoprocessamento lida com a informação geográfica utilizando técnicas matemáticas e computacionais. Os avanços vêm provocando mudanças crescentes em áreas como cartografia, análise de recursos naturais, transportes e planejamento urbano e regional. Os SIG s fornecem informações que permitem realizar análises complexas, integrando informações de diversas fontes para criar bancos de dados georreferenciados. Ainda assim, como qualquer sistema computacional, as conclusões a serem tiradas das informações conseguidas pelos SIG s dependem de um profissional qualificado - e é aí que entra o papel do geógrafo.
Os SIG s permitem a compatibilização de informações provenientes de diversas fontes, como dados de sensores espaciais (como sensoriamento remoto), recolhidos com GPS ou obtidos por meio dos métodos tradicionais da topografia. A potencialidade das geotecnologias é incontável, de ações vinculadas ao planejamento de gestão ao monitoramento e caracterização de espaços. Para citar apenas algumas das possíveis aplicações de um SIG : mapeamento e zoneamento de regiões; monitoramento de áreas de risco e de proteção ambiental; adequação tarifária de impostos; comparação entre situações temporais ou espaciais; cálculo de rotas entre dois ou mais pontos; geração de modelos explicativos do comportamento de fenômenos espaciais; ou mesmo no jornalismo, para aprofundar a obtenção de dados onde a espacialização é importante.
No entanto, vale destacar que a utilização de um SIG pressupõe a existência de um banco de dados georreferenciados, ou seja, de dados portadores de registros rederenciados a um sistema de coordenadas conhecidos. A manipulação desses dados é feita por meio de um Sistema Gerenciador de Banco de Dados (SGBD), que deve ser estruturado de forma que os dados possam se relacionar entre si.

Softwares de geoprocessamento
Confira algumas opções de softwares gratuitos de geoprocess amento:

GDAL/OGR :: A GDAL (Geospatial Data Abstraction Library)/ OGR (Simple Feature Library) é uma biblioteca de código aberto que realiza a tradução para dados no formato raster, tendo como características principais a licença "open source" (código aberto), suporte a diversos formatos de imagens e possibilidade de utilização de aplicativos por meio de linhas de comando. Seus arquivos fonte estão disponíveis no site http:// www.gdal.org para download gratuito. Onde encontrar: http://www.remotesensing.org/gdal/
MultiSpec :: Software de tratamento de imagens com licença gratuita. É resultado de uma pesquisa contínua em tecnologia para análise de dados de imagem multiespectral e hiperespectral. Os progressos da pesquisa são disponibilizados ao público por meio de download no site. Onde encontrar: http://cobweb.ecn.purdue.edu/~biehl/ MultiSpec/.
SPRING :: O SPRING (Sistema de Processamento de Informações Geográficas) é um SIG no estado-da-arte com funções de processamento de imagens, análise espacial, modelagem numérica de terreno e consulta a bancos de dados espaciais. O sistema é um projeto do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) / DPI (Divisão de Processamento de Imagens), com a participação de outros parceiros. É um dos softwares de geoprocessamento mais utilizados do Brasil. Onde encontrar: http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/ download.php e http://www.comunidadespring.com.br/
MapServer :: O sistema permite o desenvolvimento de aplicações popularmente conhecidas como "servidor de mapas". É o carro-chefe das aplicações de código aberto para área de geotecnologias e não fica devendo aos seus similares comerciais. É o mais antigo sistema livre para aplicações de SIG. Onde encontrar: http://grass.itc.it/index.php
TerraView :: Sistema visualizador de bases cartográficas voltado para aplicações de SIG. Desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) utilizando a biblioteca TerraLib, tem interface amigável e capacidade de manipular dados vetoriais e matriciais. Onde encontrar: http://www.dpi.inpe.br/terraview/index.html
Quantum GIS :: Sistema visualizador de dados geográficos com interface amigável, mas poucos recursos para tratamento dos dados. No entanto, permite acesso a uma grande variedade de dados vetoriais por meio da biblioteca OGR. Também suporta vários formatos matriciais. Onde encontrar: http://qgis.org
Proj.4 :: Biblioteca de código aberto mais utilizada nos sistemas livres para tratamento de projeções. Tem capacidade de transformações entre diferentes elipsóides e datums e complexos algoritmos matemáticos. Onde encontrar: http://trac.osgeo.org/proj/
JTS Topology Suite :: Biblioteca para análises espaciais sobre geometrias em 2D que contempla inúmeros operadores topológicos. Onde encontrar: http://www.vividsolutions.com/jts
TerraLib :: Biblioteca para o desenvolvimento de aplicações em SIG que tem como meta permitir o desenvolvimento de ambientes SIG que incorporem os mais recentes avanços das geotecnologias, com ênfase no uso de sistemas gerenciadores de bancos de dados (SGBD) para armazenar todos os tipos de dados geográficos. Onde encontrar: http://terralib.dpi.inpe.br/doku.php
Geotools :: Conjunto de bibliotecas Java voltadas para o desenvolvimento de aplicações em SIG. Onde encontrar: http://www.geotools.org

Histórico
Cartografia automatizada
Nos anos 1970 também foram desenvolvidos alguns fundamentos matemáticos voltados para a cartografia, como questões de geometria computacional. No entanto, esses protossistemas ainda utilizavam exclusivamente computadores de grande porte, limitando seu acesso às grandes organizações. Vários grupos
Entre eles estão o grupo do Laboratório de Geoprocessamento do Departamento de Geografia da UFRJ, que desenvolveu o SAGA (Sistema de Análise GeoAmbiental); a MaxiDATA, empresa responsável pelo desenvolvimento do MaxiCAD, software que se tornou largamente utilizado no Brasil; o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Telebrás, que iniciou, em 1990, o desenvolvimento do SAGRE (Sistema Automatizado de Gerência da Rede Externa), uma aplicação de geoprocessamento no setor de telefonia; e o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que, em 1984, estabeleceu um grupo específico para o desenvolvimento de tecnologia de geoprocessamento e sensoriamento remoto. Em 1991, o grupo desenvolveu o SPRING (Sistema para Processamento de Informações Geográficas), até hoje um dos principais softwares brasileiros de geoprocessamento.
Como pesquisador, uma das principais preocupações do geógrafo é a ideia do espaço geográfico e sua construção, estrutura e organização. Nesse sentido, é essencial a utilização do mapa, que, hoje, vem tendo seu uso adaptado às novas tecnologias. As primeiras tentativas de automatizar parte do processamento de dados geográficos aconteceram na Inglaterra e nos Estados Unidos nos anos 1950. A intenção era reduzir os custos de produção e manutenção de mapas. Foi no Canadá que surgiram os primeiros SIG s, já na década de 1960, como parte de um programa do governo para desenvolver um inventário de recursos naturais. Os sistemas ainda eram lentos, pouco práticos e nada amigáveis - cada interessado precisava desenvolver os próprios programas, o que demandava tempo e dinheiro.
Ao longo dos anos 1970, foram desenvolvidos recursos de hardware mais acessíveis, o que tornou viável o desenvolvimento de sistemas comerciais, como o CAD (Computer Aided Design, ou projeto assistido por computador). Sistemas como esse melhoraram as condições para a produção de desenhos e plantas para engenharia e serviram de base para os primeiros sistemas de cartografia automatizada .
Foi na década de 1980 que a tecnologia dos SIG s deslanchou, beneficiando-se da massificação causada pelos avanços da informática. Nos EUA , a criação dos centros de pesquisa que formam o NCGIA (National Centre for Geographical Information and Analysis) marcou o estabelecimento do geoprocessamento como disciplina científica independente. No Brasil, a disseminação do geoprocessamento foi em grande parte incentivada pela vinda ao País, em 1982, de Roger Tomlinson, responsável pela criação do primeiro SIG (o Canadian Geographical Information System), o que incentivou o aparecimento de vários grupos a interessados em desenvolver tecnologia.

Geoprocessamento Versus Geografia
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Os anos 1990 consolidaram definitivamente o geoprocessamento, saindo do meio acadêmico para ganhar o mercado. Instituições governamentais e empresas começaram a investir no uso de geotecnologias. Os SIG s passaram a buscar uma maior popularização, e surgem aplicativos mais simples, com funcionalidades básicas de consulta a mapas e a bases alfanuméricas - tendência que deu origem a ferramentas online como Google Maps, Google Earth e Wikimapia a, entre outras. Hoje em dia, há um grande crescimento do ritmo de penetração dos SIG s em empresas privadas, especialmente considerando o barateamento dos hardwares e softwares e o surgimento de alternativas gratuitas.
Os SIG s são, na maior parte das vezes, produzidos por profissionais fora do campo da geografia. A simplificação dos softwares também facilitou o uso das ferramentas de geotecnologias em campos variados, ao mesmo tempo em que trabalhar com as ferramentas exige a compreensão de determinadas técnicas específicas que fogem do campo da geografia. Com isso, muitos profissionais de outras áreas - especialmente engenharia - dominaram o mercado do geoprocessamento.
O geoprocessamento e as correntes de pensamento da geografia
A academia brasileira possui uma visão dicotômica sobre o posicionamento do geoprocessamento em relação às bases do pensamento geográfico. Tendo como base de referência as escolas do determinismo ambiental, do possibilismo, do método regional, da nova geografia e da geografia crítica, parte dos acadêmicos brasileiros entende que, apesar do determinismo ambiental e do possibilismo não possuírem influência nítida no geoprocessamento, estão difundidos em seus conceitos. No entanto, a Nova Geografia, por ser contemporânea ao computador, já começou a receber suporte de programas desde a década de 1970, quando são criados os primeiros SIGs. Mas só nos anos 1990 a tecnologia evolui a ponto de conseguir expressar os conceitos dessa corrente. Em relação à Geografia Crítica, fundamentada na dialética marxista e no materialismo histórico, a maior dificuldade dos SIGs é a interação de espaço e tempo, pois os sistemas não conseguem traduzir a questão da organização espacial. Assim, apesar de os SIG estarem basicamente fundamentados na Nova Geografia, as correntes geográficas anteriores a ela também exerceram sua influência no desenvolvimento das geotecnologias - e a Geografia Critica é ainda o maior desafio do geoprocessamento.
A diferença entre SIGs e outros sistemas
O que difere um Sistema de Informações Geográficas (SIG) de outros sistemas? Um SIG, por definição, deve possuir funções e aplicações bastante complexas, enquanto os outros sistemas são dotados de aplicabilidades específicas. Os sistemas mais comuns associados aos SIGs são:
Sistemas CAD (Computer Aided Design - Projeto Auxiliado por Computador): sistemas que armazenam dados espaciais como entidades gráficas. Sistemas CAM (Computer Aided Mapping - Mapeamento Auxiliado por Computador): auxiliam na produção de mapas usando layers ou camadas de entidades gráficas georreferenciadas. São uma sofisticação dos CAD no que se refere ao uso em cartografia, mas ainda sem a sofisticação de um SIG. Sistemas AM/FM (Automated Mapping/ Facility Management - Mapeamento Automatizado/Gerenciamento de Equipamentos): baseados nos sistemas CAD, mas menos precisos ou detalhados que os CAM.
A situação gerou um dilema dentro do campo da geografia, com muitos geógrafos defendendo a separação dos dois campos, com o surgimento de um novo ramo de conhecimento científico, a Ciência da Informação Geográfica (ou da Geoinformação). Por outro lado, muitos geógrafos são entusiastas das novas tecnologias e encaram o geoprocessamento como uma técnica, não uma ciência, que vem ampliar o campo de estudo e atuação da geografia. Independentemente da visão, com ou sem geoprocessamento, o geógrafo apenas não pode se omitir da sua função de fornecer à sociedade a interpretação do seu espaço.
Google Maps, Google Earth e Wikimapia
Google Maps: http://maps.google.com.br
Google Earth: http://earth.google.com
Wikimapia: http://wikimapia.org/



Internet e a geografia do turismo sexual.


Os espaços virtuais destinados ao sexo, considerados principais veículos de informações que favorecem sua exploração vêm sendo objeto dos mais diversos tipos de pesquisa.


Adriana Piscitelli
Em Revista Geografia Conhecimento Prático


 

Na produção socioantropológica sobre a transnacionalização do mercado sexual, a associação das mulheres, de certas nações pobres do mundo, com a prostituição é vinculada a três fatores principais: viagens de turistas e militares a países e regiões pobres nos quais compram sexo; a migração de mulheres para trabalharem em night clubs e bordéis em todo o mundo e à Internet. No que se refere a este último, os sites destinados a turistas sexuais heterossexuais são considerados espaços fundamentais em termos da produção e disseminação de estereótipos sexualizados e racializados de mulheres dos países pobres.
Compartilhando a percepção da relevância desses espaços virtuais, neste texto considero, em uma abordagem antropológica, as imagens de mulheres da América do Sul que, neles difundidas, se integram na alteração dos circuitos mundiais de turismo sexual. A análise que apresento está baseada em uma pesquisa realizada no site World Sex Archives, escolhido levando em conta dois aspectos, o fato de ter sido o espaço virtual mais citado por turistas à procura de sexo entrevistados em uma pesquisa anterior realizada em Fortaleza, capital do estado do Ceará, no Nordeste do Brasil e a enorme riqueza do material nele difundido quando comparado com páginas da web análogas.
Os espaços virtuais destinados ao sexo, considerados principais veículos de informações que favorecem a exploração sexual são ainda refúgio favorável para todo tipo de “desviantes”. Esse comportamento vem sendo objeto dos mais diversos tipos de pesquisa, inclusive investigações realizadas em abordagens sócioantropológicas. Essas últimas tendem a centrarem-se nos efeitos dos seus usos sobre a sexualidade. Essas análises afirmam que o discurso e os atos sexuais têm sido redefinidos pela institucionalização das conversas e dos atos sexuais virtuais, pois, de acordo com elas, a internet conduz a uma ressignificação das noções “escrever” e “ler” e tem a capacidade de criar novas definições de todo evento sexual, desde o flert e o intercurso sexual às orgias. Ao mesmo tempo, esses estudos consideram que tais espaços representam a possibilidade extrema de contatos sexuais “desincorporados” e frequentemente chegam à conclusão de que o uso desses sites, ao operar como um substituto da sexualidade, conduz ao isolamento.
MEIO PÓS-MODERNO
Nesse marco de discussões, a ideia sobre os sites voltados para viajantes à procura de sexo é que, longe de mostrarem um uso das novas instituições sexuais criadas pela tecnologia, reiteram formas masculinas “tradicionais” de imaginar, “experienciar” e representar a sexualidade. Nos termos de Bishop e Robinson, para os usuários dessas páginas da web, esse meio pós-moderno seria pouco mais do que um meio de globalizar, por meios eletrônicos, espaços reacionários de discurso sexual, como as paredes dos banheiros masculinos ou as festas de despedida de solteiros. Finalmente, segundo esses autores, tais sites re etiriam o isolamento e a alienação que caracterizam a aproximação de seus usuários à indústria do sexo e ao sexo em si mesmo.
75 MIL “PROFISSIONAIS” BRASILEIRAS
De acordo com pesquisa divulgada em 2008 pela Organização Internacional de Migrações (IOM), existem cerca de 75 mil prostitutas brasileiras trabalhando na Europa. O estudo revela que Espanha, Holanda, Suíça, Alemanha, Itália e Áustria são os principais destinos e que o total de mulheres que deixam o Brasil é bem superior ao de homens. Na Itália, dos 19 mil brasileiros vivendo legalmente no País em 2000, 14 mil eram mulheres. Dados do governo espanhol apontam existência de 1,8 mil prostitutas brasileiras no país e 32 rotas de tráfico de mulheres.
Fonte: Jornal O Estado de SP.

DÉCADAS DE 1950 E 1960
A literatura internacional sobre essa problemática permite perceber que a apreciação dos destinos escolhidos pelos viajantes à procura de sexo altera-se ao longo do tempo. Locais que há décadas são alvo desses turistas vêm perdendo valor. Considera-se que nas décadas de 1950 e 1960 as mulheres do sudeste da Ásia e da Ásia oriental (regiões altamente visadas para o consumo de sexo a partir dessas décadas), representaram o ideal de mercadoria erótica, desejadas pela promiscuidade e passividade a elas atribuídas. No entanto, na virada do século, essas regiões teriam perdido “valor” no mercado transnacional de sexo. De acordo com a autora australiana Beverly Mullings, o turismo à procura de sexo, do mesmo modo que outros tipos de turismo, está marcado pela busca de experiências singulares que, concedendo um plus de valorização aos turistas, outorgue a esses viajantes uma certa distinção social, diferenciando-os dos turistas “massi ficados”. Nesse sentido, alguns centros asiáticos, como Tailândia ou Filipinas, excessivamente popularizados, teriam chegado a um “ponto de saturação”. Na medida em que números crescentes de viajantes concorrem para consumir serviços sexuais nesses países, as paisagens sexuais tornar-se-iam menos autênticas, menos reais e, portanto, menos desejáveis.
DÉCADAS DE 1980, 1990 E 2000
Nas décadas de 1980, 1990 e 2000, os percursos dos turistas à procura de sexo se voltam para outros cenários, habitados por “novos” seres apetecíveis para o consumo do sexo, ainda mais exóticos, ainda mais autênticos e, portanto, ainda mais eróticos. Nesse movimento, novas regiões-alvo, na América do Sul, tornam-se almejados destinos. E a inserção do nordeste do Brasil nesses circuitos e, alguns anos depois, de Buenos Aires e outras cidades da Argentina, oferecem bons exemplos das alterações desses circuitos.
Tomando como referência o material analisado no site, meu principal argumento é que, embora haja uma íntima relação entre turismo sexual e desigualdade, a pobreza, nem sequer quando é extrema, garante o “sucesso” de um novo centro de turismo sexual. No marco de certas condições econômicas, aspectos culturais que se expressam na imbricação entre traços étnico/regionais e estilos de sexualidade operam à maneira de atração para o surgimento de novos alvos. A alocação desses traços é construída em um marco no qual a recriação de códigos da sexualidade é orientada por uma “educação” coletiva, através da transmissão de códigos de conduta e saberes que, atravessados por gênero, traçam fronteiras etno-sexuais. Trata-se de limites entre grupos, caracterizados pela intersecção e “interação” entre sexualidade e etnicidade. Essas fronteiras, que mostram a emergência de novos processos de racialização, são fundamentais na delimitação de novos espaços turísticos para o consumo de sexo.

O CIBERESPAÇO
As pesquisas no ciberespaço vêm obtendo crescente legitimidade no âmbito da antropologia. No entanto, as discussões presentes nessa disciplina mostram as inquietações suscitadas, sobretudo, pela ideia de uma “etnografia” em espaços virtuais. Esse debate trata de problemas éticos e de diversas ordens de questões metodológicas.
Discute-se a di culdade em obter dados sobre os parâmetros da população envolvida, as limitações colocadas pelas entrevistas on-line, as interpretações equivocadas as quais podem conduzir o fato de trabalhar exclusivamente em um meio textual. No debate entram também considerações relativas à própria ideia de trabalho de campo e à conceitualização de etnogra a, sobretudo no que se refere ao objetivo de desvendar um contexto, em toda sua complexidade, através de uma descrição densa. Concordando com Escobar e com Guimarães Jr. no que se refere a a rmar que o espaço virtual é uma das esferas constituintes das sociedades complexas, considero que se a ideia de uma etnogra a desses lugares virtuais está aberta à discussão, é inegável que uma leitura antropológica desses espaços faz todo o sentido. Sobretudo quando se considera que cabe à disciplina o papel de esboçar os mapas de signi cado vinculados às diferentes con gurações sociais (sem perder de vista os processos de interação nelas existente) e levando em conta que o ciberespaço possibilita a formação de novas redes, com referenciais especí cos.
Considerando essas discussões, esclareço que neste trabalho penso o âmbito do site à maneira de micro contexto no marco do qual são acionadas as conceitualizações de viajantes à procura de sexo sobre as diversas regiões do mundo. Todavia, este contexto não pode ser separado do processo amplo que torna possível a criação deste e de outros sites voltados ao oferecimento de informações a turistas sexuais: o crescente movimento de atravessar as fronteiras para oferecer ou consumir serviços sexuais. A mídia eletrônica é constitutiva deste processo, assim como de outros vinculados à “nova ordem global”. Este fato torna a divisão virtual/real inteiramente arti cial. Contudo, apreender o signi cado das conceitualizações acionadas no site exige articular este micro contexto com o processo do qual ele é uma materialização, um procedimento que requer situar este material em relação aos diversos aspectos desse processo.
SEXO E BANDEIRA NACIONAL
No início de 2012, o Ministério do Turismo noti cou quase 2 mil sites na internet que associam marcas de programas federais e símbolos do País a apelo sexual e sensual. Em um ano de trabalho, a equipe técnica encontrou 38.865 sites com marcas do ministério. Do total, 2.169 usam essas marcas de maneira imprópria, sendo que 82% deles (1.770) fazem referência ao país como roteiro sexual. Foi identi cada, por exemplo, uma página que apresenta um grupo de mulheres seminuas e, ao fundo, a bandeira brasileira. Fonte: Agência Brasil
TRÁFICO DE PESSOAS
Quem pratica este tipo de “turismo”, pode não saber, mas está incentivando e praticando um crime. O Brasil fez 528 pedidos a outros países para a extradição de estrangeiros foragidos da justiça brasileira. Foi esse tipo de negociação que possibilitou o retorno em fevereiro de 2012 do alemão Dieter Erhard Fritzchen Stieleke, 57 anos, condenado por trá co de pessoas. A volta de Stieleke é considerada uma vitória importante pelo governo brasileiro e faz parte da estratégia de combate ao turismo sexual no País. Fonte: Agência Brasil
ORIGEM
A pesquisa “Viagens e sexo on-line: a internet na geogra a do turismo sexual” foi publicada originalmente e na integra nos cadernos Pagu (25), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/ Unicamp, 2005, pp.281-326.
CONSUMIDOR HETEROGÊNEO
As análises centradas nos turistas à procura de sexo mostram a heterogeneidade presente nesse universo de consumidores. Nessa literatura criaram-se diversas categorias para tratar das diferenças entre eles. As denominações concedidas aos diferentes “tipos” de viajantes a procura de sexo variam. No entanto, há uma relativa convergência em assinalar que para alguns o turismo a procura de sexo alarga o leque de opções disponíveis em termos de relacionamentos estáveis e perpassados por sentimentos, enquanto para outros, esse tipo de turismo possibilita inúmeras experiências sexuais com custos relativamente baixos em termos internacionais. Levando em conta as dimensões traçadas por Luiz Fernando Dias Duarte na configuração da sexualidade moderna, esses viajantes parecem corpori car uma expressão aguda do hedonismo, procurando um prazer inteiramente desvinculado de investimentos afetivos.
Precisamente os viajantes que correspondem a essa última categoria são os principais usuários do site analisado. Friso este ponto, impossível de apreender através de um estudo exclusivamente centrado nessas páginas web, sublinhando a importância de não generalizar as observações sobre esses usuários a todos os turistas à procura de sexo. Os usuários do site constituem um tipo particular, extremo, entre esses viajantes. Contudo, eles são relevantes no alargamento e na modificação dos circuitos de turismo sexual internacional (e, neste sentido, é importante considerar o singular efeito amplificador da web).
A recorrência de mensagens dos mesmos usuários sugere uma relação quase obsessiva com a temática dessas viagens. Eles são ávidos consumidores de informação que possibilite ampliar o leque de experiências sexuais tingidas por marcas étnicas. Alguns fazem esforços “cientí cos” com o objetivo de acumular informação. Sem dúvida, eles não constituem uma comunidade no sentido tradicionalmente acordado a esse termo no âmbito da antropologia, isto é, conformações de agentes que compartilham uma origem, uma localidade com limites geográ cos estabelecidos, vinculados por relações que envolvem circuitos de reciprocidade. No entanto, apesar de sua heterogeneidade e de sua localização dispersa, esses viajantes compartilham características distintivas em função das quais estabelecem certo tipo de trocas.

Distrito da luz vermelha em Bangkok, Tailândia.

O site considerado apresenta na página inicial uma ampla imagem com os rostos superpostos de umas quinze mulheres das mais diversas características, anunciando assim a diversidade étnica e racial presente no material nele veiculado. Clicando os rostos aparece o nome dos países cobertos pela página web. O site é apresentado como um espaço destinado à discussão de acompanhantes do mundo todo, mas se esclarece sua diferença em relação a outros espaços virtuais voltados para o sexo, seja daqueles destinados à pornografia ou dos que promovem sexo com menores de idade (suas regras proíbem veicular material referente a mulheres com idade inferior a 18 anos). A singularidade do site consiste em fornecer informações sobre prostituição e turismo sexual, particularmente útil para viajantes. O preview, além de apresentá-lo como o banco de dados interativo sobre “viagens adultas” mais amplo da internet, oferece informações que aludem às preferências dos turistas sexuais. Sexo barato é um dos aspectos aos quais se refere; outro é a disponibilidade de mulheres que não são necessariamente prostitutas profissionais.
PROFISSIONAIS
Desde 2002, a pro ssional do sexo passou a ser incluída na Classi cação Brasileira de Ocupação (CBO) do Ministério do Trabalho e Emprego. Na descrição da atividade consta que as garotas de programas (uma das nomenclaturas possíveis na CBO) buscam programas sexuais; atendem e acompanham clientes; participam em ações educativas no campo da sexualidade. As atividades são exercidas seguindo normas e procedimentos que minimizam as vulnerabilidades da pro fissão.
ETNO SEXUAIS
O termo escolhido pela pesquisadora trata de limites entre grupos, caracterizados pela interação entre sexualidade e etnicidade (conjunto de características comuns a um grupo de pessoas, que as diferenciem de outro grupo). Essas fronteiras, que mostram a emergência de novos processos de racialização, são fundamentais na delimitação de novos espaços turísticos para o consumo de sexo.
RACIALIZAÇÃO
O termo surgiu na década de 60 do século XX para explicar o processo social, político e religioso a partir do qual certos grupos da população de etnia diferente eram identi cados em relação à maioria da população, tendo em conta que esta identi cação estava diretamente associada ao seu aspecto, características fenotípicas ou a sua cultura étnica.
FRONTEIRAS ETNO-SEXUAIS
Quais são as características das linhas que demarcam os lugares apreciados para esse tipo de consumo de sexo? Como se constrói a fronteira entre espaços que atraem esse tipo de viajantes e aqueles que, imersos em condições políticas e econômicas análogas, não o fazem?
O conjunto de e-mails aponta para a relevância de relações custo/benefício no consumo do sexo na construção dessas linhas. Nessas relações, a pobreza de regiões e países, somada ao fato de oferecem “novos” territórios a serem desbravados (mas não excessivamente inseguros) e as práticas sexuais possíveis neles adquirem importância. Todavia, nessas relações há outros critérios da máxima relevância, referidos à atração erótica vinculada a estilos de corporalidade associados a certos lugares.
O intercâmbio de mensagens sugere convergências em termos de rejeitar a gordura feminina, assim como a procura de mulheres que não superem a casa dos 20 anos. Muito ocasionalmente algum viajante manifesta seu interesse por mulheres mais velhas, tidas como mais experientes e com corpos mais volumosos. No marco dessas convergências, escolhem-se lugares na base de distinções expressadas em classi cações, em uma hierarquia construída em torno dos aspectos acima mencionados e da “qualidade” das mulheres, item do qual participam o aspecto, a juventude e o fato de ter vaginas apertadas, motivo pelo qual mulheres que não foram mães são particularmente valorizadas, e os estilos de sexualidade.
O conjunto dessas qualidades está vinculado a características associadas a regiões e nacionalidades, singularizado em uma perspectiva comparativa. Nelas, os estilos corporais estão longe de serem avaliados de maneira uniforme. Alguns frequentadores deixam clara sua preferência pela brancura, corporificada em mulheres dos países do Norte, de seios grandes. No entanto, elas são percebidas como inacessíveis, por não estarem inseridas no mercado sexual. As trocas de mensagens desses usuários mostram como, nesses casos, as mulheres do “Terceiro Mundo” operam à maneira de possibilidade de satisfação sexual de segunda classe (27/07/2002, linha de conversação Trip to Lima/ Peru, consultado em 10/06/2003): “Eu adoraria visitar esses países do norte da Europa mas o custo de vida é tão alto se não mais alto do que aqui nos EUA. É por isso que em geral fico pelo 3º mundo”).
Índia: Templos de Khajuraho, um dos destinos turísticos mais populares na Índia, e famoso por suas esculturas eróticas. Património Mundial da Unesco

Esses visitantes tendem a desvalorizar os tipos corporais associados à África e a certos países de América do Sul, associados a um grau extremo de pobreza que, segundo eles, se expressa na corporalidade, na pele, com acne, e em diferentes tipos de marcas ou no formato de seios e nádegas.
Estimulando a procura por uma “autenticidade” turística corpori cada em mulheres de diversas regiões do mundo, o site analisado, longe de operar como substituto da sexualidade, viabiliza a materialização do contato sexual entre viajantes à procura de sexo e mulheres nativas. Funcionando como espaço de “socialização” coletiva, orienta, em escala global, a recriação de códigos de sexualidade e masculinidade associados à supremacia branca e uma ideia do Ocidental.
Esta análise sugere que as alterações na geogra a dos circuitos mundiais de turismo sexual estão vinculadas a uma série de fatores, nos quais o empobrecimento dos países do Sul é um aspecto da maior relevância. No entanto, a pobreza, nem sequer quando é extrema, tal como no caso do Paraguai, no Cone Sul, garante o “sucesso” de um novo centro de turismo sexual.

ADRIANA PISCITELLI é pesquisadora da Unicamp, coordenadora do Núcleo de Estudos de Gênero - Pagu e professora participante no Doutorado em Ciências Sociais da mesma universidade, Campinas-SP.

domingo, 25 de novembro de 2012


Brasil: destino dos novos imigrantes.


Crescimento econômico, setor petroquímico em alta, a chegada de grandes empresas e a crise europeia tornam o País um dos rumos nesse novo ciclo migratório internacional.


Maurício Barroso
Por Revista Geografia Conhecimento Prático



 

Diferentes períodos migratórios formaram a cultura brasileira, processo que teve início em 1534 com a divisão do território em capitanias hereditárias e ganhou força em 1549 com a criação do governo-geral e a capital da colônia em Salvador, situação que atraiu muitos portugueses para aquela região. O movimento lusitano ainda era pequeno, mas cresceu e atingiu números expressivos no século XVIII. Entraram, só em Minas Gerais, nos primeiros cinquenta anos daquele século aproximadamente 900.000 pessoas e, de acordo com historiadores, no mesmo século, aconteceu outro movimento migratório, o de açorianos para Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Amazônia.
Entre os séculos XVI até o XIX, o tráfico negreiro contribuiu, mesmo que de maneira espúria, para o desenvolvimento populacional e econômico do Brasil. Mais tarde, mesmo a proibição da entrada de estrangeiros pela legislação portuguesa no período colonial não impediu que os espanhóis desembarcassem por aqui entre os anos de 1580 e 1640 (período no qual as coroas estiveram unidas). Naquele mesmo tempo chegavam em terras brasileiras os judeus, ingleses, franceses e holandeses. Junto deles viajam com interesse antropológico alguns cientistas, missionários e, até os lendários piratas Ingleses.
A partir dos anos de 1800, o ciclo migratório para o Brasil se intensi cou. Tendo dois marcos responsáveis, a Indedestino pendência em 1822 e a abolição da escravatura em 1888, o primeiro fato fez com que o País abrisse os portos a nações amigas, numa tentativa fracassada de criar pequenas propriedades rurais, mas que foi sufocada pelo latifúndio e a escravidão. Somente após a abolição entraram no Brasil mais de 1,4 milhão de estrangeiros, o dobro do número de entradas nos oitenta anos anteriores (1808-1888).

SÉCULOS 20 E 21
O século passado foi um período conturbado da história mundial, vide as duas guerras mundiais, recuperação europeia pós-guerra e crise japonesa. Cenário que torna o ciclo migratório irregular, mas que é responsável, por exemplo, pela entrada maciça de nipônicos na cidade de São Paulo. De lá para cá a chegada de alemães, italianos e outros povos europeus que se reuniam em colônias e formaram cidades bem conhecidas na região sul e sudeste do Brasil.
No início deste século (21) o Brasil entra novamente na rota da imigração, devido ao crescimento econômico, setor petroquímico em alta e a chegada de grandes empresas no País tornaram o Brasil a bola da vez neste novo ciclo, seja pela entrada trabalhadores estadunidenses, europeus e asiáticos ou a chegada dos vizinhos da América do Sul. O País virou a terra da oportunidade também para os jovens espanhóis e portugueses que não conseguem emprego em seus países devido à crise naquela região.
Os números impressionam. Segundo dados do Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geogra a e Estatística (IBGE), o crescimento de estrangeiros que vivem em terras brasileiras subiu 86,7% em dez anos. Naquele ano o País abrigava 286.468 imigrantes internacionais — que vieram de outros países e moravam no Brasil há pelo menos cinco anos. Em 2000 esse número era de 143.644 imigrantes.
O estudo revelou que os principais destinos dos estrangeiros foram São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Goiás. Outra informação interessante foi a volta de brasileiros ao País. De acordo com o Censo 2010, 174.597 retornaram ao Brasil.

BALANÇO
A Coordenação Geral de Imigração (CGig), órgão ligado ao MTE, mostra em seu balanço que 56.006 pro ssionais estrangeiros foram autorizados a trabalhar no Brasil em 2010. Deste total, 53.441 foram autorizações de caráter temporário, com estada no País de até dois anos. Em 2009, foram 42.914 autorizações de trabalho concedidas.
Para o Coordenador Geral de Imigração do MTE, Paulo Sérgio de Almeida, o aumento do número dessas autorizações, desde 2006, está relacionado aos crescentes investimentos no Brasil, especialmente nos setores industrial, óleo, gás e energia. “Isso está caracterizado pela aquisição de equipamentos no exterior e implantação no País de novas empresas de capital estrangeiro. No setor industrial, por exemplo, o aumento representa a expansão do nosso parque industrial, bem como a modernização e a implantação de novas indústrias”, comenta Almeida que explica que a aquisição de equipamentos e tecnologia no exterior demanda a vinda de profissionais especializados na supervisão de montagem e da execução de etapas mais sensíveis no processo de implantação desses equipamentos e para transferência de tecnologia.



“MÃO DE OBRA” ESPECIALIZADA
De acordo com o coordenador do órgão, o setor de óleo e gás (exploração de petróleo e gás na plataforma continental brasileira) foi o principal responsável pelas autorizações. O setor demandou a vinda do exterior de equipamentos so sticados como os navios do tipo sonda, plataformas de perfuração, navios para aquisição de dados geofísicos, dentre outros. “Ao ingressarem no País, estes navios e plataformas estrangeiros, com tripulação estrangeira, acabam por incorporar pro ssionais brasileiros as suas tripulações ao longo do tempo de sua permanência nas águas brasileiras”, observou.
O estudo mostra que entre os pro ssionais estrangeiros autorizados a trabalhar temporariamente no Brasil, 15.206 estavam relacionados ao trabalho a bordo de embarcação ou plataforma estrangeira. Houve também um grande aumento no número de autorizações para tripulantes estrangeiros que vem a bordo de embarcações de turismo de fora. De acordo com o levantamento, este setor teve forte crescimento no país nos últimos anos e, por conta disso, crescimento exponencial no número de vistos concedidos - saltou do patamar de algumas centenas para mais de 8.000 vistos/ano em 2008 e 2009, e para perto de 13.000 vistos em 2010. “Também, neste caso, há um percentual obrigatório de brasileiros que essas embarcações devem ter a bordo. De todo modo, o setor industrial e da prestação de serviços são os que mais demandam a vinda de pro ssionais estrangeiros”, avaliou Almeida.
Quanto às autorizações permanentes, a maioria foi concedida para administradores, diretores, gerentes e executivos com poderes de gestão e concomitância, num total de 1.218. Investidores pessoa física somaram 848 autorizações em 2010.
Haitianos que vivem em São Paulo se encontram

ARTISTAS
Outro ponto relevante ficou por conta da expansão no número de artistas estrangeiros para shows no Brasil: foram 1.853 autorizações a mais do que em 2009, aumento de 28%. Além disso, cresceu o número de profissionais estrangeiros para trabalho a bordo de navios e plataformas estrangeiras em operação no Brasil (exploração e produção de petróleo): foram 1.835 autorizações a mais do que em 2009 - aumento de 13,7%.
Também houve evolução no número de pro ssionais estrangeiros para instalação de máquinas e equipamentos, assistência técnica e transferência de tecnologia: foram mais 2.222 estrangeiros com estada até 90 dias (aumento de 38% sobre 2009). Do total, cerca de 20% referem-se a atividades ligadas à indústria da exploração e produção do petróleo.
O número de profissionais com vínculo de emprego no Brasil, em sua maioria, ligados a atividades gerenciais em empresas de origem estrangeira instaladas no Brasil também cresceu. Foram mais 1.061 estrangeiros, um aumento de 43%.
O estado de São Paulo teve a maior concentração de autorizações concedidas, passando de 18.285 em 2009 para 25.550 em 2010. O Rio de Janeiro é o segundo da lista, passando de 18.956 para 22.371 solicitações de visto de trabalho. Minas Gerais manteve-se na terceira colocação com 2.644; Amazonas, 1.164 e, e Paraná, 1.035.

ESTADUNIDENSES E ARGENTINOS
Por país de origem, os norte-americanos foram os que mais solicitaram autorizações de trabalho. Foram 7.550 em 2010, contra 5.590 no ano anterior. Já dentre os países que compõem o Mercosul, os argentinos são os que mais solicitam autorizações de trabalho no Brasil. Em 2010, foram 644 concessões para trabalhadores desta naturalidade. Venezuela (562), Chile (383), Bolívia (90), Uruguai (66) e Paraguai (28) completam a lista.
Para Almeida, além de transferir seus conhecimentos aos brasileiros, esses profissionais contribuem para a geração de mão de obra nacional nas novas indústrias e atividades econômicas que ajudam a implementar. Muitos desses profissionais estrangeiros também vêm ao Brasil para compor o quadro inicial de novas empresas estrangeiras recém-instaladas no Brasil. “São, muitas vezes, responsáveis pela implantação do negócio e, depois de algum tempo, retornam a seus países de origem”, observa.

PERFIS DOS HAITIANOS
A-OS TRABALHOS MAIS PROCURADOS PELOS IMIGRANTES FORAM NOS SEGUINTES SEGMENTOS:

- Construção Civil
- Indústria
- Serviços Gerais
- Hotelaria
- Restaurantes/Comércio de Alimentação

B-OS ENCAMINHAMENTOS PARA PREENCHIMENTO DE VAGAS OFERTADAS FORAM PARA:

- Restaurantes
- Serviços Gerais em Empresas
- Construção Civil
- Serviços Domésticos

Fonte: Missão da Paz

MERCOSUL
O Mercosul é a união aduaneira de cinco países da América do Sul. Em sua formação original, o bloco foi composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Porém, em virtude da remoção de Fernando Lugo da presidência do Paraguai, o país foi temporariamente suspenso do bloco; o que possibilitou adesão da Venezuela como membro do bloco a partir do dia 31 de julho de 2012.

AUTORIZAÇÕES TEMPORÁRIAS CONCEDIDAS EM 2010
Ainda entre as autorizações temporárias concedidas, 12.838 eram para marítimo estrangeiro empregado a bordo de embarcação de turismo estrangeira que opere em águas brasileiras; 8.470 eram para estrangeiro na condição de artista ou desportista, sem vinculo empregatício; 8.028 para assistência técnica por prazo de 90 dias, sem vínculo empregatício; 4.232 para assistência técnica, cooperação técnica e transferência de tecnologia, sem vínculo empregatício; e 3.521 para especialistas com vínculo empregatício.

REFUGIADOS
É a pessoa que devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, de credo ou de postura política, se retira, foge para um lugar seguro, buscando abrigo no sentido de tomar asilo, asilar-se, expatriar-se. A Convenção de Genebra, em seu artigo 1º, assim de ne o refugiado: “Toda a pessoa que, devido a fundados temores de ser perseguido por motivos de raça, religião, nacionalidade, pertença a determinado grupo social ou opiniões políticas, se encontre fora do país de sua nacionalidade e não possa ou, por causa de ditos temores, não queira valer-se da proteção de tal país”.
ILEGAIS E REFUGIADOS
No outro lado da moeda estão os estrangeiros ilegais e refugiados que não entram nas estatísticas do IBGE, mas informações do Governo Federal e de ONGs estimam que haja de 60 mil a 300 mil estrangeiros em situação irregular no Brasil, sendo sua maioria de latino-americanos, chineses e africanos.
De acordo com editor da “Travessia – Revista do Migrante” e assessor da diretoria do Centro de Estudos Migratórios / Missão Paz de São Paulo, Dirceu Cutti , desde o nal do século XX começaram a chegar refugiados e imigrantes do continente africano. “A Casa do Migrante, da Missão Paz, é um micro espaço revelador do que vem ocorrendo: inaugurada em 1978, com capacidade para 100 pessoas/ dia, acolheu, até 1998, uma média anual de 5% de imigrantes”, conta Cutti, e observa que este percentual cresceu para 25% em 2002; 50% em 2004; 70% em 2008 e praticamente a 100% a partir de 2010.
Sobre o novo ciclo migratório internacional, Cutti acredita que o Brasil vive uma dicotomia porque se a melhora da economia traz mão de obra qualificada, por outro lado os pobres também veem aqui uma chance de começar ou recomeçar a vida. “Nós, da Missão Paz, que atuamos junto a esses novos imigrantes, presenciamos claramente que nós (brasileiros) somos marcados por duas atitudes opostas: acolhedores, mas preconceituosos também”, analisa o assessor, e lembra que os ilegais são recebidos, muitas vezes, com preconceito, intolerância, rejeição e xenofobia.

NOVA LEI E TRÁFICO DE PESSOAS
Há três anos tramita no Congresso Nacional uma nova lei de imigração, que para especialistas deve incluir a adoção de políticas como o oferecimento de cursos de português e a capacitação para o mercado de trabalho. De acordo com a legislação que o governo pretende aprovar, estrangeiros poderão requerer vistos permanentes a qualquer momento. Pela lei atual, é preciso fazer um requerimento antes de chegar ao Brasil, por meio dos consulados brasileiros.
Atualmente a permanência de estrangeiros no País ainda é regida pelo Estatuto do Estrangeiro, instituído em 1980, sob a ótica da Lei de Segurança Nacional.
No segundo semestre de 2012, a deputada federal e presidente da Comissão das Relações Exteriores do Congresso brasileiro, Perpétua Almeida, denunciou que as redes de tráfico de pessoas envolvendo haitianos com destino ao Brasil continuam operando intensamente na fronteira com o Peru. De acordo com a deputada, naquele momento existia 216 haitianos à espera de um visto para permanecer legalmente no Brasil.
As autoridades brasileiras calculam que, desde o terremoto de 2010 no Haiti, cerca de 2,6 mil pessoas procedentes do país da América Central chegaram ao Brasil através de rotas amazônicas, seja pelo Peru ou pela Bolívia. Muitos desses imigrantes, aproximadamente 2,4 mil, receberam vistos de trabalho do governo federal, que ainda destinou R$ 900 mil reais à assistência do grupo. De acordo com dados da Missão de Paz São Paulo, a ONG realizou até o nal de junho de 2012 mais de 540 atendimentos, tendo cadastrado no Programa de Mediação os currículos de 519 haitianos, destes, 147 (28%) conseguiram emprego graças à mediação da entidade. Os brasileiros são conhecidos por ser um povo receptivo e agregador, mas não é difícil perceber que o ciclo migratório atual revela que também somos, por vezes, preconceituosos e xenofóbicos, vide situação de imigrantes bolivianos que já foram encontrados em situação análoga a da escravidão, trabalhando em depósitos fechados e sem a mínima condição de higiene. Reconhecer o problema e criar políticas públicas que alterem o cenário atual tornarão o Brasil um país mais justo para os seus e um exemplo mundial na questão da imigração.
Missão Paz – Atendimento do Eixo Trabalho, do Programa de Mediação junto a imigrantes que buscam emprego, após legalização no Brasil

ALGUNS TERMOS PARA COMPREENDER MELHOR O TEMA:
A MIGRAÇÃO SOCIAL
É a exclusão das pessoas dentro de sua classe, categoria, ou estamento social, com perdas de direitos básicos, com a impossibilidade ou di culdade de ascensão social espacial e na sua reinserção ao processo produtivo e aos valores culturais, políticos, religiosos e sociais.
XENOFOBIA
Signi ca aversão a pessoas ou coisas estrangeiras. O termo é de origem grega e se forma a partir das palavras “xénos” (estrangeiro) e “phóbos” (medo). A xenofobia pode se caracterizar como uma forma de preconceito ou como uma doença, um transtorno psiquiátrico.

MIGRAÇÃO
Na concepção tradicional, é um movimento de pessoas, grupos ou povos de um lugar para outro com a finalidade de estabelecer-se ou de trabalhar naquele local. Por migrante entende-se toda a pessoa que migra ou não, transferindo-se de sua residência comum para outro lugar, região ou país, ou perdendo posição social no seu espaço comum, sendo excluída e tendo restrita a sua perspectiva de reinserção no processo social produtivo. No fenômeno da migração há o emigrante (pessoa que deixa a sua pátria ou a região para residir em outro país ou região), e o imigrante (pessoa que ingressa em outra região, cidade ou país diferente, para aí viver).
MOBILIDADE SOCIAL
O sociólogo Émile Durkheim (1858-1917) interpretou a mobilidade humana pela “lei da mecânica do equilíbrio social”, segundo a qual “os povos mais fortes tendem a incorporar os mais fracos e a com mais densidade se dirigem para a com menor densidade, de maneira que existirão sempre movimentos populacionais de um país para outro, e conclui que a migração determina o enfraquecimento das tradições e que a mistura dos povos provoca a perda das diferenças de origem”.
POR GÊNERO, NÚMERO E GRAU

Os homens são em maior número entre os estrangeiros que vêm para o Brasil, do total das autorizações, 50.653 foram concedidas para eles. Em relação à escolaridade, 31.662 estrangeiros que conseguiram autorização tinham superior completo ou habilitação legal equivalente; 21.639 tinham o 2º grau completo ou técnico pro ssional; 476, mestrado e 202 pós-graduação. Apenas 88 possuíam o 2º grau incompleto e 54 ainda não tinham completado o 1º grau.
IMIGRAÇÃO
Sair do seu país de origem e ir para outro. O Brasil recebeu imigrantes italianos, japoneses etc., que contribuíram para muitos aspectos da nossa cultura, como a culinária, por exemplo.
EMIGRAÇÃO
Sair do seu Estado de origem e ir para outro. Os problemas de má distribuição de renda proliferação de favelas são exemplos oriundos da imigração de nordestinos e pessoas que moravam no interior para os grandes centros.

IMIGRANTES NO MUNDO
Há mais de 200 milhões de imigrantes no mundo, segundo dados da ONU. Na América há, aproximadamente, 26 milhões de pessoas vivendo fora de seus países. Destes, 22,3 milhões estão fora da região latino-americana (migração sul-norte) e em torno de 3,7 milhões vivem na região, mas fora de seus países (migração sul-sul). Estudos do Instituto Tecnológico Autônomo de México evidenciam que os migrantes da América Latina partilham três características sociodemográ cas principais: 1. uma elevada participação da migração feminina; 2. a concentração dos uxos migratórios na idade mais produtiva dos imigrantes e emigrantes; 3. os migrantes têm maior nível de escolaridade do que as pessoas que não migram.
Casamento boliviano na Igreja Nossa Senhora da Paz, no Glicério

PROJETO
Há mais de 70 anos a Missão Paz de São Paulo, situada no bairro do Glicério, em São Paulo, marca presença junto aos migrantes, imigrantes e refugiados no Brasil. Criada em 1940, pela Congregação dos Missionários de São Carlos Borromeo/Scalabrinianos, a entidade reúne diversos serviços que contemplam a assistência às necessidades mais imediatas dos migrantes (abrigo, alimentação, por exemplo). A Missão Paz de São Paulo é composta pela Casa do Migrante (CdM), Centro Pastoral dos Migrantes (CPM), Centro de Estudos Migratórios (CEM).
Casa do Migrante – capacidade para 110 pessoas/ dias e o tempo de permanência varia de acordo com cada caso, mas normalmente ela se estende por alguns meses. Neste ano de 2012, a maior presença tem sido dos haitianos. Há também que se dizer que, pela primeira vez, a Casa está hoje recebendo uma demanda de imigrantes maior do que sua capacidade de atendimento;
Centro Pastoral dos Migrantes – O CPM surgiu em 1977, em plena ditadura, e iniciou suas atividades em parceria com as instâncias da sociedade, na defesa dos direitos políticos dos exilados e no quesito documentação dos imigrantes;
Programa de Mediação Socio/Político/Cultural para o Protagonismo do Imigrante – é formado por um conjunto de atividades para fortalecer o contato com os imigrantes. Os mediadores socioculturais realizam contato com o coletivo de imigrantes nos lugares que eles frequentam, os quais têm grande signi cado no âmbito da inserção social, como: escolas, centros de saúde e locais de trabalho. A equipe promove, também, apresentações e debates sobre a acolhida e o respeito aos imigrantes que vivem no Brasil junto a pro ssionais da área de educação e saúde.
Centro de Estudos Migratórios – O CEM integra, juntamente com os Centros de Estudos de Nova Iorque, Paris, Roma, Buenos Aires, Manila e Basileia, a Federação dos Centros de Estudos Migratórios J.B. Scalabrini. Além de biblioteca, cada centro publica uma revista especializada na temática das migrações. Surgida em 1988, é uma revista de estudo que vai além das estantes, pois atinge o público acadêmico, mas dela fazem uso também os que atuam diretamente junto aos migrantes. Fonte: missaonspaz.org

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