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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Os primeiros diálogos no Egito entre turbulências e manifestações

Oposição egípcia acha insuficiente proposta do governo

Em encontro histórico, vice-presidente abre negociação com organização fundamentalista Irmandade Muçulmana, mas rejeita saída imediata de Mubarak

Jovens pintam o rosto depois do acordo entre oposição e governo e pedem a saída de Mubarak Jovens pintam o rosto depois do acordo entre oposição e governo e pedem a saída de Mubarak (Lefteris Pitarakis/AP)
"Mubarak continuará no poder até o final de setembro" - Ahmed Shafiq, primeiro-ministro do Egito
Na tentativa de superar a crise política que paralisa o Egito desde 25 de janeiro, o recém-empossado vice-presidente Omar Suleiman recebeu neste domingo, pela primeira vez, representantes da oposição, entre eles a organização fundamentalista Irmandade Muçulmana, oficialmente banida em 1954. No fim do encontro, o governo informou ter celebrado um acordo com a oposição que, embora não destitua o presidente Hosni Mubarak do poder, garante significativas mudanças constitucionais, o fim das restrições aos meios de comunicação, a libertação de presos políticos e a revogação do estado de emergência, em vigor desde os anos 80.  No entanto, após a reunião, integrantes da Irmandade acharam o acordo oferecido por Suleiman insuficiente e mostraram desconfiaça quanto ao seu cumprimento.
Segundo comunicado lido pelo porta-voz do governo, Magdi Radi, os participantes deste "diálogo nacional" se comprometeram com uma "transição pacífica do poder tendo como base a Constituição" e rejeitaram "qualquer intromissão externa nos assuntos egípcios". Para tanto, foi proposta a criação de uma comissão que conduzirá as reformas constitucionais. Entre as mudanças, a reforma de artigos que tratam da reeleição e dos requisitos exigidos dos candidatos. "O comitê contará com o Poder Judiciário e um certo número de personalidades políticas para estudar e propor as emendas constitucionais e legislativas que se fizerem necessárias", afirmou Radi.
Demandas - Logo após o encontro, líderes da organização fundamentalista declararam que as reformas constitucionais propostas são insuficientes. "As demandas ainda são as mesmas. O governo não respondeu a maioria delas, apenas a algumas e de forma superficial", disse Essam al-Aryane. A oposição quer a saída imediata de Mubarak e levou o apelo ao vice-presidente. Conforme os relatos, porém, Suleiman não pretende atender a esta exigência, um dos principais combustíveis dos protestos espalhados pelo país. Em entrevista ao canal americano NBC, o prêmio Nobel da paz Mohamed ElBaradei, que não foi convidado ao diálogo, qualificou as discussões de "opacas".
Coube a Ahmed Shafiq, primeiro-ministro do Egito, reafirmar em entrevista à emissora CNN que Mubarak continuará no poder "até o final de setembro". Com isso, a ocupação da Praça Tahrir, no centro do Cairo continua. Neste domingo, cercados por tanques, cristãos e muçulmanos rezaram juntos. Pouco depois da reunião entre a oposição e Suleiman, tiros vindos do Museu Egípcio assustaram os manifestantes, que usaram o Twitter para divulgar o ataque. A autoria dos disparos não foi identificada.
A secretária de estado americana, Hillary Clinton, demonstrou apoio à participação do movimento islamita egípcio Irmandade Muçulmana nas conversações políticas que ocorreram no Egito. "Soubemos da participação da organização, indicando que, pelo menos, estão envolvidos no diálogo que estimulamos", disse Hillary Clinton à National Public Radio (NPR), na Alemanha. "Vamos esperar e ver como se desenvolvem as conversações, mas fomos muito claros sobre o que esperamos delas", disse.
(Com agências internacionais)

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/governo-firma-acordo-com-oposicao-mas-irmandade-muculmana-mantem-cautela

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