Entenda como se formam e se classificam os ciclones
Meteorologista tira dúvidas sobre o fenômeno que atinge a costa australiana
Marco Túlio Pires
Imagem capturada por um satélite mostra o ciclone Yasi, que atingiu a costa leste da Austrália nesta quinta-feira (Eumetsat / AFP)
Ciclones de máxima intensidade, como o Katrina, que devastou New Orleans em 2005, ou o Yasi, que atingiu neste quarta-feira a costa australiana, são fenômenos climáticos relativamente raros. "O mundo pode passar um ano inteiro sem a ocorrência de um ciclone dessa magnitude", diz o meteorologista e pesquisador do Inpe, Manoel Gan. "Em outros anos, podemos assistir a dois ou três destes fenômenos". Segundo Gan, o Brasil dificilmente seria atingido por um ciclone tão devastador porque o fenômeno é gestado em águas mais quentes, como as do Caribe, Golfo do México e, no caso da Austrália, o Mar de Coral, no Pacífico Sul.O especialista responde
Manoel Alonso Gan
Doutor em Meteorologia e pesquisador titular do Inpe
"Umidade e calor são fundamentais para a formação dos ciclones"Doutor em Meteorologia e pesquisador titular do Inpe
Ciclone, tufão e furacão, cientificamente, são a mesma coisa. O que acontece é que aos eventos no Oceano Atlântico damos o nome de furacão, e no Pacífico, de tufão. Mas todos podem ser chamados de ciclone. Já o tornado é um 'microciclone', bem localizado, sem a dimensão global dos ciclones convencionais. Um ciclone pode ser avistado facilmente em imagens de satélite, mas um tornado não. O tempo de vida dos ciclones é maior também, podendo durar até uma semana. O tornado dura, no máximo, uma hora.
Por que os ciclones duram mais que os tornados?
Os tornados se formam em terra firme, e os ciclones nos oceanos. Como nos oceanos pode haver muito mais umidade e calor, fundamentais para a formação desses eventos naturais, os ciclones têm condições de durarem muito mais.
Como os ciclones se formam?
Em certas regiões dos oceanos, próximas aos trópicos, os ventos que veem do Hemisfério Norte se encontram com o do Sul. O resultado é uma formação intensa de nuvens, que depois começam a migrar para fora da região tropical, assumindo características de um ciclone - uma zona fechada de movimentação circular de ar, com uma capacidade de destruição devastadora. O fator mais importante na formação de um ciclone é a temperatura da água. Regiões de água mais quente, por volta de 27Cº, são mais propícias à formação de ciclones. Como não existe esse 'combustível' na terra firme, os ciclones perdem a intensidade quando atingem o continente.
O que é um ciclone de intensidade máxima?
Existe uma escala baseada na velocidade dos ventos que mede a intensidade dos ciclones e tempestades tropicais. Ela vai de um, quando os ventos vão de entre 119 e 153 quilômetros por hora, até cinco, com ventos de mais de 250 quilômetros por hora. O Catarina, que atingiu a Região Sul do Brasil em 2004, foi de intensidade mínima.
Ciclones de intensidade máxima são raros? Eles podem atingir o Brasil?
Não são muito frequentes, mas também não são tão raros assim. O mundo pode passar um ano inteiro sem a ocorrência de um ciclone dessa magnitude, mas em outros anos pode haver dois ou três. É difícil um evento assim acontecer no Brasil porque as nossas águas são mais frias. Por isso o Catarina ficou na categoria 1 e perdeu a intensidade rapidamente quando chegou ao continente.
Especial: Desastres naturais
Clique para conferir o infográfico http://veja.abril.com.br/especiais_online/desastres_naturais/
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