Ser ou Não ser, eis a questão!
Os 25% e uma possível consciência que surge.
Recentemente, após as eleições municipais, li uma matéria sobre uma pesquisa que informava que uma quantidade considerável de pessoas (eleitores) não votaram em nenhum dos candidatos do rol que possuiam para tal pleito do 1* turno, que perfazia performáticos 25% do total, e que muito provavelmente a maioria era das calsses B e C.
Fiquei intrigado, e resolvi fazer uma "pesquisa" com as pessoas de meu círculo de amizade, e realmente comprovei que era fato. Explico, conheço pessoas das classes A, B, C e D (levando em conta os parâmetros do IBGE, mesmo eu não curtindo muito esta estratificação), e por isto, por viverem realidades diversas, mas estarem iguais como eleitores (pelo menos na teoria), perguntei se votaram em um dos candidatos ou se não optaram por nenhum deles para galgar o posto máximo de governante municipal.
Interessante é explicitar que estes amigos estão espalhados pelo Brasil, RF, SP, RJ, BE, BH, e suas regiões metropolitanas, bem como ocorreu um fator de desdobramento indireto muito legal, ou seja, muitos dos amigos me disseram que vários de seus amigos também não queriam nenhum dos candidatos colocados para o pleito, o que tornou a pesquisa mais profunda (pelo menos para minhas leves expectativas estatístucas iniciais), e não parei de receber e-mails, de contatos pelo msn, redes sociais, etc, de pessoas que nem conhecia diretamente (e olha que nem fiz o levantamento via net), e após contabilizar tudo, cheguei aos dados:
Vemos que as classes B e C realmente foram as que mais se destacaram nesta empreitada.
Após esta ratificação prática, resolvi fazer um leve exercício mental, e percebi que são vários fatores possíveis para que em diferentes cidades do país, com realidades e culturas diferentes, estas atitudes fossem semelhantes. Cito por exemplo o fato de estarmos vivendo uma "era" mais informativa, com mais acesso aos conteúdos outrora debatidos somente em uma pequena parcela da elite, ou seja, aqueles que de certo modo detinham o poder monetário e cultural.
Com a chegada e expansão da internet, muita coisa mudou, mas foi principalmente com a melhora (mesmo que tímida) na qualidade e no acesso à educação por mais tempo e aos que outrora estavam alienados totalmente, que as pessoas passaram a ter mais raciocínio crítico.
Lógico que em nosso país o acesso à educação de qualidade se perfaz, na imensa maioria dos locais, com o poder aquisitivo melhor, e este acesso foi em massa nos últimos anos, pois sabemos que houve uma certa mudança de pessoas na pirâmide sócio-economica brasileira. Não vamos discutir aqui, nem daria, os motivos gerais deste fenômeno de ascenção social, mas sim o que ele impactou no ideológico das pessoas quanto especialmente ao senso crítico eleitoral.
Nesta toada, rapidamente percebi que um dos principais propulsores das classes B e C foram as políticas "sociais" de distribuição de renda aos mais pobres (vista como eleitoreira e retirada com impacto sobre as classes B e C), e incentivos à classe A (que o diga aos empresários, banqueiros, mesmo estes reclamando o tempo todo).
O cidadão das classes B e C tem perfil arrojado, buscou sua ascenção com muito trabalho, e se arriscou neste mundo capitalista disfarçado de socialista. Logo, tem suas percepções mais bem forjadas culturalmente, e sabe que governantes "populistas" que travam seus ideários em ações com objetivos "excusos" para o povo, mas perfeitos para os políticos, onde ferramentas mais simplórias (como a de dar dinheiro sem dar condições de melhoria) que impactam outros cidadãos são muito utilizadas, em vez de administrarem bem suas cidades, estados, país.
Lógico que há várias outras nuances (até incito aos leitores que lancem mão delas), mas sabemos que em um país onde o contexto sócio-cultural que é imposto midiaticamente ao povo é o de esvaziamento cultural das massas, alienando-as das principais nuances que realmente deveriam forjar nossa sociedade - o povo sabe muito de novelas, reality shows, programas de culinária, programas de auditório, carnaval, futebol, mas pouquíssimo de sua história, política, economia, sem falar em português, matemática, ciências, etc.
Em conversa com um amigo Juiz Eleitoral, ele me disse que não acredita que de fato aqueles que não escolhem nenhum candidato ou que justificam o voto, exercem mesmo uma ação cívica responsável e propiciadora de melhoras na sociedade, e eu rapidamente tratei de discordar dele, retrucando com o simples raciocínio de que nesta "democracia eleitoral" disfarçada de "nazismo de opção", onde somos obrigados a votar (mesmo não tendo ainda a maturidade social necessária para optarmos), e pior a votar em um número reduzido de candidatos escolhidos pelos partidos (que na maioria giram em torno de velhas oligarquias), se temos o direito constitucional de não optarmos por nenhum deles, também estamos votando (escolhendo), só que na nossa consciência.
Não estou aqui para fazer apologia a nada, nem afirmo que sou partidário desta ação, somente comento o que percebi e colhi na pesquisa, pois a isenção é importante para que todos possam apreciar sem levar em conta a dúvida se há tendências textuais, tanto que também verifiquei que um dos fatores das classes B e C terem tomado tais ações foi a atitude governamental de penalizar financeiramente estas classes para manter a política populista de distribuir dinheiro - a dor no bolso e a falta de incentivos para o crescimento importou muito. Nesta toada, percebemos que poderia ter ocorrido um movimento pautado na revolta por serem incomodados pelo governo de forma direta (o ser humano naturalmente ataca para se defender), e não uma simples ação cívica. Claro que mesmo com esta pauta inicial, o movimento cresceu e teve impulso pelo fato em muito de serem pessoas mais esclarecidas culturalmente (e favorecidas economicamente).
Estou curioso de que forma se comportarão neste segundo turno, e também como serão as escolhas daqueles que não optaram por nenhum dos dois candidatos que ficaram para este turno (mas optaram por outro no primeiro turno).
Escolher um candidato ou não, eis a dúvida, mas estes 25% surgem com uma nova ação que certamente modificará os parâmetros de nossa sociedade política.
Abraços, boa noite e comentem!!!
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