Bisfenol A pode contribuir com o risco de doenças renais e cardíacas em crianças.
Pesquisa acrescenta evidências sobre os prejuízos da substância, que costuma ser utilizada na fabricação de produtos de plástico e latas de alumínio.
Bisfenol A: A substância é utilizada na fabricação de
produtos de plastico como brinquedos, mamadeiras e copos e, por isso, é
comum a exposição de crianças ao composto
(Thinkstock)
CONHEÇA A PESQUISAOs pesquisadores chegaram a essa conclusão após analisar os dados de 710 crianças e adolescentes americanos que tinham entre seis e 19 anos de idade. As informações incluíam a concentração, na urina dos jovens, de BPA e de uma proteína chamada albumina, que se acumula quando os rins estão danificados. Altos níveis da proteína na urina de crianças estão relacionados a doenças renais precoces e um maior risco de problemas cardíacos ao longo da vida.
Título original: Bisphenol A exposure is associated with low-grade urinary albumin excretion in children of the United States
Onde foi divulgada: revista Kidney International
Quem fez: Leonardo Trasande, Teresa Attina e Howard Trachtman
Instituição: Universidade de Nova York, Estados Unidos
Dados de amostragem: 710 jovens de seis de 19 anos de idade
Resultado: Crianças e adolescentes com maiores níveis de bisfenol A na urina também têm as maiores concentrações de albumina na urina. Essa proteína está associada a um maior risco de doenças renais precoces e de problemas cardíacos na idade adulta.
Após levar em consideração outros fatores, como nível socioeconômico, etnia, idade peso e sexo, os pesquisadores compararam os níveis de BPA e de albumina na urina dos participantes. As conclusões mostraram que as crianças e adolescentes com os maiores níveis de BPA na urina foram aqueles que também apresentaram a maior concentração da proteína.
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Duplo prejuízo — A albumina serve como um marcador biológico (substância medida para detectar alguma doença ou desequilíbrio no organismo) para uma doença renal precoce. No entanto, explicam os autores do estudo, ter um rim danificado pode significar dificuldade em filtrar moléculas grandes, como é o caso da albumina. Assim, essas crianças, quando atingirem a idade adulta, podem passar a apresentar baixos níveis da proteína na urina — e esse quadro está relacionado a problemas como disfunção dos vasos sanguíneos, maior risco de hipertensão, diabetes ou doença cardíaca.
“Apesar dos resultados, ainda não podemos confirmar definitivamente que o BPA contribui com doenças renais e cardíacas em crianças, mas podemos afirmar que o nosso estudo acrescenta mais informações a outras pesquisas já feitas antes sobre os possíveis prejuízos do composto. Além disso, apoia iniciativas que busquem reduzir a exposição de crianças à substância”, diz Leonardo Transade, um dos autores da pesquisa.
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Substância perigosa — De tempos em tempos, são divulgados os resultados de pesquisas científicas que olham para os efeitos do bisfenol A. Esses estudos já relacionaram a substância a alterações do sistema endócrino, predisposição ao desenvolvimento de tumores, infertilidade, câncer de mama e de intestino, puberdade precoce, obesidade, Síndrome de Down e hiperatividade. Por esse motivo, e com o objetivo de reduzir o contato dos bebês com tal substância, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu, em setembro de 2011, a comercialização de mamadeiras com a presença de bisfenol A no mercado brasileiro.
Como ocorre a contaminação por Bisfenol A:
1. O bisfenol A (BPA) está presente em produtos de plástico feitos de policarbonato e também no revestimento interno de latas de alumínio.
2. Por se tratar de uma molécula instável, não é preciso muito para que o bisfenol A das embalagens entre em contato com os alimentos. A maior contaminação acontece com mudanças de temperatura, como quando o produto é levado ao microondas ou ao congelador, ou quando as embalagens são danificadas ou ficam velhas.
3. Ao consumirem alimentos contaminados pelo BPA, as pessoas são expostas a um composto químico que, no nosso organismo, se comporta de maneira semelhante ao estrógeno, um hormônio feminino. Ou seja, funciona como um desregulador endócrino.
4. Estudos relacionam o BPA a alterações genéticas que podem provocar uma série de problemas de saúde.
4A. Grávidas: O composto pode alterar a reprogramação celular e causar problemas que podem aparecer não só quando a creiança é bebê, mas também na adolescência. Estudos relacionaram essa exposição à transtono de atenção e hiperatividade, à síndrome de Down, diabetes, puberdade precoce e obesidade.
4B. Crianças: Assim como os fetos, as crianças ainda estão em fase mais acelerada de desenvolvimento e, portanto, a exposição a um desregulador endócrino como o BPA pode provocar os mesmos problemas que ocorrem nos fetos.
4C. Adultos: Os adultos também podem sofrer as consequências da exposição. Problemas de infertilidade foram observados em pesquisas em ambos os sexos. Homens podem apresentar piora na qualidade do esperma e câncer de próstata. Mulheres podem desenvolver câncer de mama. O BPA também pode estar associado com obesidade.Também foi relacionada a exposição ao BPA com câncer de intestino, alteração da tireoide e hipotireoidismo.
Adaptado de: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/bisfenol-a-pode-contribuir-com-o-risco-de-doencas-renais-e-cardiacas-em-criancas
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