Aspirina previne o câncer, afirmam estudos.
Remédio também mostrou bons resultados na redução do risco de metástases.
Aspirina: além de prevenir doenças cardiovasculares, estudos afirmam que ela pode prevenir vários tipos de câncer (Thinkstock)
Com base nesses dados, descobriram que o uso diário de aspirina reduziu o risco de morte por câncer em 15%. Entre quem consumiu por mais de cinco anos o medicamento, o risco diminuiu em 37%. O número de mortes por câncer também foi reduzido em 12%. A ingestão diária de aspirina em pequenas doses (75 miligramas) reduziu a incidência de câncer em 25% para quem a consumiu por 3 anos ou mais, de modo semelhante em homens (23%) e mulheres (25%).
A segunda pesquisa mostrou os efeitos da aspirina no crescimento do câncer, a partir de dados de pacientes que desenvolveram câncer durante os estudos. Os dados comparam os pacientes que tomavam doses diárias de aspirina (75 miligramas ou mais) com o grupo controle, que não consumia o remédio. Mais uma vez, os resultados foram animadores.
Opinião do especialista
Oren Smaletzoncologista e coordenador da pesquisa clínica em câncer do Hospital Albert Einstein, em São Paulo
Os dados dos estudos são bastante instigantes. Mostram que talvez valha a pena usar a aspirina não apenas para prevenir problemas cardiovasculares, mas para prevenir o câncer.
Antes que essa recomendação se torne regra, porém, são necessários outros estudos focados especificamente na relação entre a aspirina e o câncer. Os estudos publicados no Lancet são o que chamamos de meta-análise, que usam dados de estudos voltados para outros própósitos — neste caso, os estudos originais investigavam a relação entre aspirina e doenças cardiovasculares.
É importante ressaltar que, mais importante que tomar aspirina para reduzir o risco de ter câncer, deve-se controlar os fatores de risco para a doença, como o tabagismo e a alimentação pouco saudável.
Há também casos em que a administração do medicamento é altamente contraindicado. Antes de sair tomando aspirina, é melhor consultar seu médico.
A aspirina ainda reduziu a morte em pacientes que tiveram adenocarcinomas (sem metástase) pela metade. Também houve uma redução de 35% do risco de desenvolver um adenocarcinoma fatal. Neste estudo, os efeitos da aspirina independeram de idade e sexo, e foram observados mesmo quando as doses foram baixas. Segundo os autores do estudo, as descobertas registradas constituem a primeira prova de que a aspirina previne o desenvolvimento de metástases distantes. No terceiro estudo, publicado no Lancet Oncology, foi observado uma redução de 38% no risco de câncer colorretal, e índices similares para o câncer de esôfago, de mama e gástrico.
As pesquisas foram conduzidas pelo professor Peter Rothwell, diretor da Unidade de Pesquisa para a Prevenção do Infarto da Universidade de Oxford. Ele e sua equipe já haviam publicado outros estudos, também no Lancet, em 2007, 2010 e 2011, relacionando a prevenção do câncer com o uso da aspirina.
No entanto, apesar das várias e convincentes evidências dos benefícios da aspirina na prevenção do câncer, ainda não é recomendado que as pessoas tomem o medicamento sem indicação médica. A aspirina têm diversos efeitos colaterais, e, mesmo em doses baixas, pode provocar sangramentos gástricos e outros problemas.
Em um texto publicado pelo Lancet junto com os estudos, os médicos Andrew Chan e Nancy Cook, do Brigham and Women's Hospital, filiado à Faculdade de Medicina de Harvard, escreveram que é necessário esperar por mais estudos. "As descobertas de Rothwell e sua equipe, porém, deixam a recomendação para o uso da aspirina, não só na prevenção de doenças cardiovasculares, mas também para o câncer, cada vez mais próxima", afirmaram.
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/aspirina-previne-o-cancer-afirmam-estudos
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