Fico cá pensando com meus botões: O que estes conglomerados urbanos deste século nos trazem de bom ou de ruim?
É uma questão complexa e controversa, pois temos diversos ângulos de visão, mas para simplificar vou ver o lado prático de quem utiliza ao ano alguns destes monstros, incluindo a megalópole SP.
O trânsito - loucura! Não há como não falar em cidades grandes atualmente sem excluir o trânsito, e tanto para quem utiliza automóveis particulares como públicos. Vimos a experiência da Copa das Confederações e da JMJ, e não foi boa.
Todos os dias há enormes engarrafamentos por aí, e digo mais, isto não está sendo só um problema das urbes, mas até nas modestas cidades interioranas já presenciamos um certo desconforto. Nossos governantes? Para não dizerem que não fazem nada, corroboram com o caos, ou seja, cito o boom de aquisições de carros particulares incentivado pelo Governo Federal, que poderia ter até um slogan: deixe de comer, mas não de ter um carro!
Infraestrutura viária? Hahahaa....perto de zero! Quando não se superam em construções megas e sem utilidades práticas. Cito exemplo de um arremedo de túnel e micro complexo viário em Recife próximo ao aeroporto Guararapes. Passou anos para terminar, com inundações, lamaçal, desvios bizarros, engarrafamentos loucos, queda do teto e explosões, e ao ser inaugurado...hahahaha...uma piada! Um buraquinho na pista para passar por baixo da rodovia, que só em sentir a brisa marítima já alaga e empaca o trânsito, e pensei que fariam o novo Eurotúnel, sem falar que com a grana que gastaram....sei não.
Ônibus ou metrô? Fala sério!!! A ganância dos empresários é estupenda e proporcional ao sofrimento do povo. Em vez de caminharmos para o transporte de massa de qualidade (lembrem do incentivo ao individualismo com aquisição de carros e motos - vemos todo dia um carro e somente uma pessoa dentro) como em países desenvolvidos, somos tratados como boiada levada para o abate...uma porcaria sem fim.
Estacionar em locais públicos? Hahaha...tente ir ao shopping, ao cinema, ao teatro, ao hospital, ao centro, ao estádio de futebol, ao clube de domingo, a uma praia, ao supermercado, a um parque urbano, à rodoviária ou aeroporto, fala sério!!! Há casos destes, que sabemos que pagamos absurdos de taxas de estacionamentos (em SP vi casos de dezenas de reais para meia hora na Paulista), mas ainda assim não temos garantia de comodidade, ou seja, somos explorados do mesmo modo.
As ruas esburacadas e com péssima sinalização, fora aquelas que nem calçadas são...em Jaboatão dos Guararapes -PE isto virou rotina, ou seja, se formos uma a duas quadras da praia vemos quase todas as ruas sem calçamento, não consigo entender isto (ou prefiro me negar a tal). Em Belo Horizonte há ruas do mesmo modo próximas à bairros nobres, como Pampulha e Savassi, em Sampa é só andar pelo subúrbio que isto aparece, igual ao Rio de Janeiro, que até na parte da "Cidade Maravilhosa" vemos, que o digam ruas da ZS.
Outro dia no metrô de SP comecei a bater papo com um rapaz, e olha que isto é raro!! Ele estava com a esposa e um filho, ambos vinham do trabalho e o menino da escola, e se mostrou interessado em um livro que eu ia lendo sobre alimentação e qualidade de vida. No papo ele me disse que já leu mais de 100 livros durante os trajetos de metrô, fora cursos de áudio, TV pelo celular, etc, pois percebeu que passava de 3 a 4 horas ao total de translado entre a casa e o trabalho no centro (ônibus, trem e metrô), uma loucura do caos urbano atual que nos escraviza e nos força a fazermos algo que até bem pouco tempo era impensável. Quando ele citou que entrava no trabalho às 7h e saía às 18h, hummm...imagine quanto tempo ele e a família dormem, ou simplesmente passam juntos em casa vendo uma TV, conversando, brincando, indo a um parque, etc...somos cada vez mais privados do tempo...e ele meus amigos...voa mesmo!
Recente em BH fui ao Shopping Del Rey, e observei uma multidão se espremendo para entrar nos cinemas...filas intermináveis...até para a pipoca...loucura...minha sorte é que tinha várias opções de ônibus, mas na parada horrivelmente iluminada em frente ao Shopping em direção à Av. Antônio Carlos, percebi a luta selvagem por espaço em vários ônibus.
Outrora em viagem pelas praias nordestinas (PE-PB-RN-FZ) mais uma vez vi que até nas mais isoladas temos os problemas de trânsito, e estradas péssimas. Em Porto de Galinhas, ou em Jericoaquara ou Canoa Quebrada, ou na Pipa, para chegar é uma loucura, para estacionar outra, há flanelinhas que cobram o custo de um estacionamento da ZS de SP (Shopping Ibirapuera, p.ex.) para te deixar utilizar a rua pública...rsrsrs..só rindo para manter a calma. Nas areias, haaaa..agora vou aproveitar...aí reside outro problema, para tanto tenho que disputar espaço e procurar incansavelmente um lugar ao sol (digo à sombra), e quando finalmente termino a batalha...sou informado que há uma espécie de pedágio...isto mesmo meus queridos...paga-se para se sentar sob o guarda-sol, e caro viu...gira em média de dezão por cabeça...e somos brasileños e temos grana...por isto tem mais...sou avisado que há uma consumação mínima...lembrei da ZS de Sampa...que mínimo máximo!!! O pior é que se estes custos nos garantissem qualidade no atendimento e na consumação...beleza (é o que tem!), mas não...pasmem...paguei mais caro por um peixe na praia do que em um restaurante chique na Paulista....fazer o que, dá trabalho pescar né!!
Recente fiz um passeio de bike com meu filho...loucura..além da falta de ciclofaixas adequadas, há tanta gente para pouco espaço correto que vira um caos urbano também...engarrafou tudo...kkk...até de bike malandro. Paramos para tomar uma água de coco, rapaz...pensei que o coco veio da lua ou da Estação Espacial...o custo de vida tá uma loucura...e o governo diz que a economia tá uma boa...pra quem? Pra eles é claro!! O trânsito...ahhhh...este estava tão louco quanto durante a semana...estamos quase em todas as cidades (capitais) virando SP.
Outro dia fui socorrer um amigo e levá-lo a uma UPA....ufa!!! Depois de percorrer quilômetros de carro (imaginem que vai de bus) achamos vaga em uma há uns 20 km da casa dele. Médico pra atender....aí é querer muito. A UPA até era novinha, mas.....como sofre este povo. O amigo com dor, e tome espera. Quando conseguimos um atendimento por uma enfermeira, ela disse que queria colaborar com o povo, pois o médico adequado faltara o trabalho, e que isto era normal, e eu questionei se a administração do Posto não acionava algum médico reserva...fiz papel de palhaço ou de turista estrangeiro...além de ela ter rido na minha cara...disse que eu era ingênuo..."meu filho estamos no Brasil"...já viu alguém buscar melhora para o povo? Rapaz tive que dizer que não!!! Companheira, ao sairmos fomos a uma farmácia popular pegar o remédio que um médico gineco assinou a receita (ninguém viu o médico tá), pra variar...remédio que é bom...nada. Para ajudar o amigo, fomos a uma farmácia, e quando parti para a boa ação...meu amigo...como custa caro ficar doente neste país.
No começo do ano bateram em meu carro (um motoqueiro sem CNH e documento da moto, na contra-mão e avançou o sinal, e tive que tomar cuidado pra não apanhar!!!), fui fazer um BO, rapaz...vi cada coisa na delegacia...e olha que depois de horas de espera...fui atendido por uma agente que parecia estar com cólicas menstruais...meu amigo..loucura...parecia que eu era um bandido...minha sorte que a delegada de plantão era minha amiga de faculdade...aí quando a vi que as coisas melhoraram um pouco..saibam...não pedi privilégios, mas só melhora na qualidade da prestação do serviço público.
Um rapaz me disse na fila que roubaram a moto dele, e como ele a utilizava pra trabalhar com a esposa em um micronegócio pela internet (loja virtual e entrega em domicílio), estava tendo prejuízos, e todo dia ia à delegacia ter notícias, até que um dia um agente lhe disse que só com muita reza ou grana pra recuperar a moto...e ele voltou, no dia que eu fui, para acertar as coisas...não perguntei se ele rezou muito!!!kkkkk...
Participei de um trabalho em uma escola pública, pois também fiz licenciatura, e pasmem...não sabia se os alunos ou os professores e gestores eram mais desinteressados. Tentei aplicar metodologia mais próxima da realidade dos alunos, e como era uma escola em que a maioria era de uma comunidade próxima, falei muito sobre mercado de trabalho, drogas, educação, saúde, respeito, comportamento, oportunidades, perseverança, etc. Até consegui aumentar a fidelidade da presença em sala com aulas dinâmicas com datashow e internet, vídeos, jornais, celulares, etc, mas o apoio dos outros mestres ficou difícil...reclamavam o dia todo, e sendo justo, alguns me ajudaram sim, mas a minoria.
A educação está indo de vento em popa para o fim do túnel. A politicagem só quer mesmo que o povo seja ignorante e fique à margem da sociedade e das decisões importantes. Analfabetos funcionais! Em um texto de dez linhas (ufa...era um castigo enorme escrever quando se pode imprimir da net) havia mais erros grosseiros do que pingo de chuva em dia de temporal, e me refiro a grosserias mesmo...tipo caza (casa), Brazil (Brasil), xuva (chuva), iscola (escola), bibloteca (biblioteca), etc..sem falar nas respostas mais absurdas que já vi...que imaginação, e nem cobrei a questão da coerência, concordância, regência, etc..e nem sou professor de língua portuguesa. Merenda...o pouco que tinha, além de ruim, servia para manter a presença dos alunos na escola, muitos só tinham aquilo como refeição do dia. Livros? Além de desatualizados e jogados em um canto ao pó, a falta de incentivo à leitura e o excesso de emprego da net os banalizou e privou os alunos do prazer de ler. Esportes...só se for pra brincar...faltava tudo, e ainda se perguntam o motivo de não sermos uma potência esportiva como os USA.
A escola parecia muito com uma prisão, pois havia grades por todos os lados, policial, câmeras, e todo mundo era vigiado. A violência escolar é assustadora!! E saibam que estes mimos foram adquiridos com os pobres salários dos professores, pois cansaram de virar saco de pancadas.
Voltei a correr e caminhar. Observo em meu trajeto a calamidade que é a mobilidade dos pedestres pelas ruas. Calçadas? Quando existem, servem de tudo, menos de meio de mobilidade urbana aos pedestres. Os particulares (empresas, lojas, hospitais, etc) utilizam as calçadas públicas como extensões de suas propriedades, e o poder público finge que não vê. Há buracos, cadeiras, mesas, postes, árvores, lama, esgoto, água, etc, no trajeto das calçadas das urbes brasileiras.
Vou parar por aqui....há tantos problemas que teria que discorrer uma Barça para exemplificar...e ainda seria conciso!!!
Abraços,
Viva a liberdade de pensamentos e a capacidade de criticidade!!
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