Chia, linhaça e quinoa: o cardápio 'milagroso' do emagrecimento.
As sementes cultivadas na era pré-colombiana são um dos modismos alimentares do momento. Há também o edamame, o farro, a dieta ayurvédica...
Mariana Amaro
JOGO LIMPO - A chef Renata Vanzetto usa a chia em saladas e pães, mas admite: "Não tem gosto"
(Lailson Santos)
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Mas a sementezinha conquistou os modernos e já chegou ao cardápio de restaurantes de espírito vanguardista como o paulistano Marakuthai, tocado pela chef Renata Vanzetto, de apenas 23 anos. "Gosto mesmo nem dá para sentir", reconhece Renata, conquistada pelo fator crocância e, claro, pelo modismo. A chef salpica as sementes de chia em saladas e pães. No restaurante carioca Celeiro, marco zero da combinação de comidas saudáveis e pessoas bonitas, os pratos com chia fizeram tanto sucesso que quase saíram do cardápio. "Depois que entrou na moda, o quilo passou de 40 para 80 reais", explica a proprietária, Rosa Herz. Em termos nutricionais, quinoa, linhaça e chia são bem parecidas, mas cada uma tem um apelo especial. O da linhaça, ou semente de linho, é a lignana, substância que tem um papel na produção de hormônios e nas barreiras de resistência do sistema imunológico. A andina quinoa é uma parente mais nutritiva do arroz, o que permite que entre como substituta em risotos. No caso, quinotos.
DE DRÃO EM GRÃO - Bela Gil dá aulas de culinária ayurvédica em Nova York: "Bardana, lótus, painço e amaranto"
"Tudo isso faz parte do meu cardápio há anos", diz a estudante de nutrição Bela Gil, filha do cantor Gilberto Gil. "Também como muita bardana, raiz de lótus, painço e amaranto." Descobrir e criar receitas naturebas rendeu-lhe um trabalho em Nova York, onde mora há seis anos. "Dou aulas de culinária em casa. Ensino a fazer pratos como risoto integral com alga e salada de quinoa vermelha com abóbora", diz. Os pais dela, Gil e Flora, que emagreceu 10 quilos com as receitas da filha, são "seguidores xiitas da macrobiótica", uma das dietas precursoras dos orientalismos culinários. Aos 15 anos, Bela começou a praticar ioga e se interessou pelos preceitos da alimentação ayurvédica, cujas raízes remontam aos primórdios da civilização indiana, misturando conhecimentos tradicionais e crenças em forças ou energias não reconhecidas pela ciência. O pilar central dessa dieta é a divisão das pessoas em três grupos, cada qual com necessidades alimentares diferentes. A culinária indiana tem ingredientes reconhecidamente positivos. "O curry e a cúrcuma, alguns de seus temperos clássicos, ajudam a prevenir alguns cânceres, como o de intestino", diz Salete Brito, nutricionista do Hospital das Clínicas da Unicamp. Em compensação, a Índia é uma das campeãs de cânceres de boca, laringe e estômago devido ao consumo do paan, uma espécie de embrulhinho que leva sementes de um tipo de palmeira, tabaco e especiarias, mastigado como se fosse chiclete. Os seguidores da alimentação ayurvédica não o consomem. Bela já perdeu a conta das vezes em que foi parada em alfândegas por levar raízes e algas na mala. "Não consigo ficar sem; mas não é nada doentio", conta. A obsessão pela alimentação saudável é considerada uma doença, a ortorexia, e leva a distorções nutricionais e psicológicas. Mas uma pitadinha de chia num risoto de quinoa enfeitado com edamame definitivamente mal não faz. Ele pode ser acompanhado por choclo, uma das 35 variedades do milho peruano. E para contar a história do milho peruano...
PERFEITO - Ovo com grãos de edamame: do Japão para o cardápio dos modernos
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